Não está sendo uma boa quinta-feira para Sérgio Moro e nem para o governo Bolsonaro. A comissão mista que analisa a reforma administrativa tomou duas decisões que contrariam o ministro da Justiça e Segurança Pública: aprovou o destaque que retira de sua pasta o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e também devolveu a ela a competência sobre a Fundação Nacional do Índio (Funai), que estava ligada ao novo Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos.

A principal derrota de Moro foi em relação ao Coaf, que era considerado importante para a eficiência no combate à corrupção e à lavagem de dinheiro. Havia, entretanto, um grupo de parlamentares cuja posição era de que o órgão deveria estar vinculado ao Ministério da Economia, comandado por Paulo Guedes. Moro chegou até mesmo a manter encontros com membros da comissão, mas não foi efetivo o suficiente a ponto de convencer a maioria.

Já a volta da Funai para o Ministério da Justiça e Segurança Pública colide contra a estratégia de preservação do ministro. Desde que assumiu o posto, era evidente o desconforto de Sérgio Moro em ter de lidar com a polêmica questão indigenista. Em boa medida, o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos foi criado exatamente para abarcar esses assuntos mais desgastantes. Sabendo disso, sua titular, a ministra Damares Alves, também fez esforço para manter a Funai onde estava. Mas deu tudo errado.

A decisão segue agora para o o plenário da Câmara dos Deputados e depois para o Senado Federal. O que fica patente, entretanto, é a fragilidade da base de Jair Bolsonaro no Congresso Nacional. Se o governo não consegue aprovar nem modificações pontuais na estrutura administrativa, o que esperar de um projeto tão amplo quanto a Reforma da Previdência.

Foto: Antonio Cruz/ Agência Brasil

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