Em Grande Expediente na sessão da tarde desta terça-feira (30), os deputados Rodrigo Lorenzoni (DEM), Frederico Antunes (PP) e Dr. Thiago (DEM) dividiram a tribuna para prestar homenagem aos 110 anos do Sport Club Internacional e aos 50 anos do estádio Beira-Rio. Rodrigo Lorenzoni, que propôs o tema, descreveu a emoção da primeira vez em que levou o filho, então com um ano e três meses de idade, a uma partida do seu time. Também destacou a união política obtida à época para a construção do estádio, o empenho e a contribuição dos torcedores para levantar fundos e as conquistas do clube ao longo da sua história.

“Ainda me lembro daquele domingo como se fosse ontem: era 1º de março de 2015, o primeiro Grenal com torcida mista, a primeira vez em que levei o Pedro, meu filho, ao Estádio Beira-Rio”, contou Lorenzoni. “O frio na barriga, o nó na garganta, a ansiedade que aumentava conforme o horário da partida vinha chegando”, prosseguiu o orador, relatando os sentimentos e as lembranças despertados em cada momento, antes e durante a partida. “Chegara a minha hora, o momento de ensinar o meu filho a amar o futebol, a amar o meu Inter, e de viver junto com ele as histórias de emoção e de alegria que só a paixão por um clube proporciona e todos os ensinamentos intrínsecos às vitórias e às derrotas dentro do gramado, tais quais aprendi junto ao meu pai e ao meu avô”, disse.

Ele lembrou que a construção do estádio, idealizado ainda na década de 50, uniu até mesmo inimigos políticos como o então governador do Rio Grande do Sul, Ildo Meneghetti, e o então prefeito de Porto Alegre, Leonel Brizola, observando que as diferenças políticas sempre podiam ser superadas em benefício de todos.

Sobre a dedicação dos torcedores, contou que o estádio foi tirado do chão com doações e contribuições dos próprios colorados. “Ferramentas, tijolos, sacos de cimento, ferros eram enviados para a obra de todas as partes do Rio Grande do Sul”, relatou. “Por meio do rádio, programas especiais mobilizavam os torcedores a contribuir com aquela etapa histórica”, disse, reconhecendo ainda a figura de José Pinheiro Borda, que presidiu a comissão de obras e deu nome ao estádio, tendo falecido antes da conclusão das obras.

Entre as conquistas obtidas pelo clube, registrou 29 gaúchões, uma Copa do Brasil, três Campeonatos Brasileiros, sendo o de 1979 invicto, feito inigualado até os dias de hoje, duas Recopas Sul-americanas, uma Copa Sul-Americana, duas Libertadores e um Mundial de Clubes FIFA. O estádio ainda foi sede da Copa do Mundo, em 2014, assim como o fora o antigo Eucaliptus, em 1950. Citou os ídolos que passaram pela casa, como Falcão, Figueroa, Valdomiro, Claudiomiro, Dario, Escurinho, Benitez, Manga, Taffarel, Dunga, Clemer, Índio, D’Alessandro e o eterno capitão Fernandão, que se somaram àqueles do Eucaliptos, Larry, Bodinho, Tesourinha, Carlitos.

Conforme o orador, o nome “Internacional”, escolhido pelos fundadores do clube, os irmãos Poppe, refletiu a diretriz de acolher todos, brasileiros e estrangeiros. Mais tarde, por sua acolhida às camadas mais humildes da sociedade, o time seria agraciado com a alcunha de “O Clube do Povo do Rio Grande do Sul”. O número de torcedores, segundo o deputado, era de mais de 120 mil pessoas hoje, homens, mulheres, brancos, negros, pardos, adultos, crianças.

Frederico Antunes fez um paralelo entre a multiplicidade da sociedade gaúcha representada no Parlamento, em todas as suas cores e bandeiras, e a bandeira homenageada hoje, que era branca e vermelha, o “vermelho vibrante da alegria, da paixão; o branco da paz, da fraternidade e da convergência”.

Disse que era comum ouvir que, entre as questões que os separam enquanto indivíduos de uma mesma sociedade, estava a divisão entre o vermelho e o azul, entre colorados e gremistas, mas que ele, “colorado de nascimento e coração”, divergia dessa ideia. “Discordo quando se fala, por exemplo, na “grenalização” de determinado tema, quando seu debate se torna belicoso, excessivamente acalorado; dizer isto é aceitar a linha que distingue os torcedores dos dois maiores clubes de futebol gaúchos como uma fronteira bélica, ao longo da qual se perfilam exércitos inimigos”, disse, acrescentando que o futebol, a seu ver, não era uma guerra, mas uma disputa.

Afirmou que muito do que praticava na política aprendeu com a paixão pelo futebol, mais especificamente pelo Sport Club Internacional. “A experiência lúdica do amor pelo nossos times do coração nos ensina que não devemos enxergar inimigos no lado oposto do campo, e sim adversários que precisamos respeitar”, disse. “No bom futebol, como na boa política, devemos comemorar as vitórias, certamente, mas crescer com as derrotas, devemos ser duros no enfrentamento, mas nunca cruéis ou desleais ao oponente”, prosseguiu.

Para ele, no bom futebol, como na boa política, era preciso estratégia, dedicação, vontade e, acima de tudo, respeitar as regras e compreender que ninguém, absolutamente ninguém, estava acima delas. “Parabéns ao Sport Club Internacional pelos seus primeiros 110 anos, parabéns pelo primeiro meio século do Gigante da Beira-Rio, totalmente reformulado e um cartão postal da Capital gaúcha, templo de tantas alegrias e emoções inesquecíveis”, disse.

Thiago Duarte abriu seu pronunciamento na tribuna explicando que a camisa do Internacional que tinha em mãos era do dia 6 de abril de 1969, quando Claudiomiro fizera o primeiro gol no estádio Beira-Rio. Disse que era presente do procurador aposentado Paulo Rogério, a quem agradecia muito.

A seguir, referiu uma série de momentos marcantes em que a história do clube e a sua estiveram misturadas. Disse que poderia falar da inclusão social a partir do esporte, preconizada pelo clube há anos nas comunidades gaúchas e porto-alegrenses; do dia 8 de abril de 2009, quando propuseram homenagem na Câmara Municipal aos 100 anos do Inter e aos 40 anos do estádio Beira-Rio; de 10 de junho de 2013, quando concederam o título de Cidadão de Porto Alegre ao então presidente do clube, Giovanni Luigi; de 17 de dezembro de 2016, quando o Internacional se consagrou campeão mundial interclubes; de 10 de novembro de 1999, quando o seu cunhado era goleiro do time e ganharam de um a zero do Palmeiras; ou de 23 de dezembro de 1979, quando o Inter se tornara tricampeão brasileiro invicto, na última partida que assistiu no estádio, ao lado do seu pai, falecido no ano passado. Disse que poderia falar de qualquer um desses momentos, mas que, em vez disso, falaria de “alma”, a alma que representava o colorado, “o fanático colorado”, e declamou a poesia “Que diacho! Eu gostava do meu cusco”.

Em apartes, associaram-se à homenagem os deputados Edson Brum (MDB), Capitão Macedo (PSL), Sérgio Turra (PP), Kelly Moraes (PTB), Zé Nunes (PT), Luciana Genro (PSOL), Dalciso Oliveira (PSB), Giuseppe Riesgo (NOVO), Gerson Burmann (PDT), Sérgio Peres (PRB) e Rodrigo Maroni (PODE).

 

Reportagem: Marinella Peruzzo/ Agência ALRS

Foto: Guerreiro/ Agência ALRS

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