No final da tarde do dia 15 de novembro de 1889, profissionais do jornal Província de São Paulo chegaram correndo à Redação para imprimir a edição, anunciando o que tinha ocorrido horas antes na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. O imperador Dom Pedro II não ocupava mais o poder:

“Está proclamada a República no Brasil. Foi convocada reunião popular para aclamação do governo. O ministério do Império foi obrigado a assinar a demissão. Unamo-nos para garantir a ordem, porque o novo regime nasce da livre manifestação popular. O primeiro dever do republicano, neste momento, é ser calmo, independente, justo e tolerante para ser enérgico na organização. A República significa a paz, o progresso e a civilização. Unamo-nos sem distinção de partidos para firmarmos o novo regime que nos há de trazer a glória, a grandeza e a felicidade!”

Teste das urnas

A 21 de abril de 1993, plebiscito, determinado pelo artigo 2º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição Federal de 1988, definiu a forma e o sistema político. A monarquia recebeu 13,4% dos votos contra 86,6% do modelo republicano. O presidencialismo teve 69,2% dos votos e o parlamentarismo, 30,8%.

Saudosistas

Nos últimos 15 anos, houve quatro tentativas de organização de partidos para forçar a volta ao regime do século 19:  o Monárquico Parlamentarista, o Real Democracia, o Construção Imperial e o Movimento Monárquico do Brasil. Nenhum obteve registro na Justiça Eleitoral por falta das assinaturas necessárias de apoio.

Comparação

O exame dos orçamentos realizado por economistas demonstra: na década de 1980, os investimentos de todos os entes públicos em infraestrutura no País eram de 5,1 por cento. Caíram agora para 0,7 por cento. Quanto à arrecadação de tributos, nunca parou de subir.

 

29 anos depois

Oitenta e dois milhões de brasileiros voltaram às urnas, a 15 de novembro de 1989, para escolher entre 21 candidatos o presidente da República pelo voto direto. A última vez tinha sido em 1960.  Os dois primeiros colocados, Fernando Collor e Luiz Inácio Lula da Silva, disputaram o 2º turno a 17 dezembro.

Antes e agora

Nos bastidores, cogitam a possibilidade de Geraldo Alckmin vir a ser o vice na chapa do PT à Presidência da República. A memória na política costuma desaparecer rapidamente: 1) o ex-governador de São Paulo defendeu o impeachment de Dilma Rousseff; 2) quando Lula foi preso, declarou que “ninguém está acima da lei”.

O site do PT deveria desmentir a especulação.

No reino das invenções

Com a aproximação do ano eleitoral, vê-se uma enxurrada de institutos de pesquisa desconhecidos se movimentando. Precisam todos se agrupar na Associação com a sigla SENB (Sem Eira Nem Beira).

Surpreende

As desavenças em sessões do Supremo Tribunal Federal passaram a contagiar o Superior Tribunal de Justiça.

Dom de iludir

A 26ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas encerrou-se no sábado com documento aprovado por quase 200 países-membros.

Observações: 1ª) a tesoura funcionou para abrandar medidas mais fortes de defesa do meio ambiente; 2ª) sem a presença no evento de grandes empresários, responsáveis pela poluição, o texto não passa de uma carta de intenções. Sozinhos, os governos não têm força para conter o problema.

Se houver disposição e coragem

Algum dos institutos de pesquisa deveria perguntar à população em todo o País: o sistema tributário brasileiro é suficientemente transparente e compreensível? O resultado poderia se tornar um dos principais temas da campanha eleitoral de 2022. Muitos candidatos fugiriam da vulgaridade e da demagogia.

Jogada equivocada

Políticos exaltados falam em reabrir a CPI do Futebol. Perda de tempo. A mais recente foi iniciada em 2015 no Senado e se encerrou em dezembro de 2016 sem conclusões. O relatório oficial, do senador Romero Jucá, não pediu nenhum indiciamento sobre contratos e negociações da Confederação Brasileira de Futebol e seus dirigentes. Verdadeiro embuste em meio a reconhecidos desvios.

Chute longe do gol

Outro relatório, de autoria do senador Romário, presidente da CPI, foi apresentado em separado. Apontou nove dirigentes acusados de estelionato, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, entre outros crimes. Passados cinco anos, nada aconteceu.

Resumo: futebol se joga dentro das quatro linhas. O resto é tapetão para ganhar manchetes e merece ser tratado diretamente nas Delegacias de Estelionatos.

 

Motivo da existência

Gilberto Gil e Fernanda Montenegro, dois grandes talentos da música e do teatro, acabam de ser eleitos para a Academia Brasileira de Letras. Criada em 1897 por Machado de Assis, reunia escritores. Segundo seu estatuto, “tem por fim a cultura da língua nacional, sendo composta por 40 membros efetivos e perpétuos, escolhidos entre os cidadãos brasileiros que tenham publicado obras de reconhecido mérito ou livros de valor literário”.

Outro rumo

Com o tempo, a Academia passou a escolher integrantes por razões políticas. Perdeu credibilidade e caiu no ostracismo.

Agora, decidiu buscar personagens que têm projeção e visibilidade no noticiário que perdeu ao longo do tempo. Deixa de ser a Academia Brasileira de Letras e passa a ser a Academia de Astros e Estrelas.

Os que ficaram fora

A Academia Brasileira de Letras já foi criticada por nunca ter se aberto para aclamados escritores como Lima BarretoMonteiro LobatoCarlos Drummond de AndradeGilberto Freyre, Jorge de Lima, Rubem Fonseca, Dalton Trevisan, Sérgio Buarque de HolandaCaio Prado JúniorGraciliano RamosCecília MeirelesClarice LispectorVinícius de MoraesErico Verissimo e Mário Quintana, entre muitos outros.

Regra de etiqueta

Ibrahim Sued foi um dos mais famosos colunistas sociais do País. Na maior parte da carreira, com amplos espaços no jornal O Globo, dava conselhos aos leitores. Um deles: “Se uma mulher estendeu a mão, é pra você beijá-la. Significa que ela não quer a intimidade dos beijinhos nas faces…entendeu?”

Não poderia supor que, décadas depois, iria se tornar regra em consequência de uma pandemia.

 

 

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