Dados divulgados pelo Banco Central, semana passada, mostraram: as despesas totais com juros pagos pelo governo federal, que permitem sustentar sua dívida, passaram de R$ 312 bilhões e 400 milhões em 2020 para R$ 448 bilhões e 300 milhões em 2021. O aumento de R$ 135 bilhões e 900 milhões supera o orçamento anual do Auxílio Brasil.

Fatores

A alta da inflação e o aumento da taxa básica de juros de 7,25% para 9,25%, no ano passado, pesaram para o crescimento das despesas.

Composição

A Dívida Pública Federal fechou 2021 em R$ 5 trilhões e 613 milhões. Informação do Tesouro Nacional, do Ministério da Economia.

Tem história

O primeiro empréstimo externo do Brasil foi obtido em 1824, no valor de 3 milhões e 700 mil libras esterlinas, destinado a cobrir dívidas do período colonial. Desde então, sucederam-se incontáveis empréstimos, sem que os governantes perguntassem se haveria condições de pagar.

Conferiu de perto

Oswaldo Aranha foi a exceção. Como ministro da Fazenda, em 1931 fez o levantamento das dívidas da União e dos Estados no exterior. Um ano depois, foi a Londres exigir documentos dos banqueiros que confessaram: eram muitos e não conseguiram encontrá-los. Resultado: o Brasil ficou isento no valor de 40% do total.

Sem parar

Por quase dois séculos, assinar empréstimos passou a ser a prática preferida de sucessivos governantes.

Na ilha da fantasia

O jornal O Estado de São Paulo publicou no sábado: “Deputados federais e senadores continuam a desrespeitar as determinações do Supremo Tribunal Federalsobre os critérios de transparência que devem ser adotados no repasse de verbas públicas e promovem nova farra bilionária com recursos do orçamento secreto.”

O pior: o Supremo não exigiu depoimento ou prisão dos responsáveis pelo descumprimento.

Comprovação

Segue a notícia: “Entre 13 e 31 de dezembro de 2021, o relator-geral do Orçamento, senador Márcio Bittar (PSL-AC), registrou no site do Congresso indicações no valor de R$ 4,3 bilhões, mas os nomes dos congressistas que apadrinharam os pedidos foram ocultados em 48% dos repasses.”

O dinheiro é nosso e a festa, deles.

Boa notícia

 A Secretaria da Saúde distribui aos municípios gaúchos, a partir de hoje, 189 mil e 960 vacinas contra a Covid-19 dos fabricantes Pfizer e Coronavac, destinadas ao público infantil. Amanhã, serão 303 mil e 250 da Astrazeneca para dose de reforço da população com 18 anos ou mais.

Caso raro

TÍtulo de reportagem publicada ontem pelo jornal Estado de Minas: “Menor cidade do Brasil controla até espirros via WhatsApp”.

Serra da Saudade tem 776 habitantes, vacinou 94% da população e não conta com hospital. Enfrentou a Covid-19 com controle ferrenho. Todos obedeceram ao isolamento. Desde o começo da pandemia, houve registro de 84 infectados e um morto.

Por meio de um único grupo no WhatsApp, que reúne ao menos um representante de cada família, é feito o monitoramento da doença. Mais um detalhe: nos últimos 50 anos, nenhum homicídio ocorreu no município.

Expectativa

O epidemiologista William Hanage, da Universidade de Harvard, está otimista em relação ao futuro, mas observa: “Pandemias não têm fim oficial, com fogos de artifício e pessoas gritando hurra.”

Lobistas em ação

O projeto de lei, que busca legalizar os jogos de azar no país, começou a tramitar na Câmara dos Deputados em 1991. A 16 de dezembro do ano passado, com 293 votos a favor, 138 contrários e 11 abstenções, o regime de urgência para decisão em plenário obteve aprovação. Defensores do projeto apostam que irá à votação até o final deste mês. O texto definirá quais jogos vão obter autorização. Na lista estão cassinos, bingos e jogo do bicho.

Questão vem de longe

A leitura de O capitalismo não é o problema, é a solução, de Rainer Zitelmann, doutor em História e Sociologia, passou a ser a preferida de economistas e jornalistas. Depois, em qualquer lugar, vira tema de debates. O livro desmistifica argumentos anticapitalistas.

Necessárias

A deputada estadual Juliana Brizola protocolou, em 2015, projeto de lei que obriga a instalação de salas de apoio à amamentação em órgãos públicos do Estado. Amanhã, mais uma vez, entrará na pauta de votações em plenário.

Não precisam exagerar

Assessores de marketing costumam quebrar a cabeça, criando slogans para candidatos. O blogão do Zé, do Correio Braziliense, há poucos anos, recolheu alguns. A interpretação é livre:

“Eu vou fazer a diferença”. Na maioria das vezes, acaba sendo igual aos que já existem.

“Sua família é minha família”. Só não pode ter o mesmo sobrenome.

“Vou acabar de vez com a pobreza”. Essa é pobre até na mentira.

“Vamos mudar pra valer”. Especial para candidatos que são donos de transportadoras.

Outros

 “Vou lutar por você”. Campanha para quem quer ser sparing no box.

“Vou varrer a sujeira”. Se não for para baixo do tapete…

“Mais emprego e mais segurança”. É mais antiga que andar de costas.

“Vamos dar as mãos”. Cuidado com os anéis…

“Eu vou te defender”. É para demonstrar a competência como goleiro.

“Seu voto é muito importante”. Para quem se elege.

Desprezo ou esquecimento

Noventa por cento dos municípios deixaram de enviar dados ao Cadastro da Dívida Pública. O prazo terminou a 20 de janeiro. A Lei de Responsabilidade Fiscal determina que é obrigatório e a omissão resulta em negativação no Sistema de Informações sobre Requisitos Fiscais, impossibilitando o recebimento das transferências voluntárias e também a contratação de operações de créditos.

Tiro no pé

Os que querem vender produtos e serviços por telefone deveriam saber: a população não está à disposição o dia todo para ouvir ofertas que não interessam. A insistência desrespeitosa leva à rejeição automática das empresas.

Cenário idêntico

Em dezembro de 1990, o ministro da Defesa da União Soviética, Dmitri Ustinov, declarou que “cresceu a ameaça de guerra com a Polônia por causa das tentativas dos Estados Unidos, dos países da Organização do Tratado do Atlântico Norte e da China de quebrar a unidade do bloco socialista”.

 Volta a se aproximar

Hoje, a ameaça é contra a Ucrânia. O que mudou: nesta sexta-feira, Vladimir Putin, em visita a Pequim, recebeu o apoio da China. Em declaração conjunta, posicionaram-se “a favor de uma nova era nas relações internacionais e do fim da hegemonia norte-americana”. Lenha na fogueira em meio à tragédia da pandemia.

Para completar

Caças dos Estados Unidos, do Reino Unido e da Noruega interceptaram aeronaves da Rússia no mar Báltico, no mar de Barents e no mar do Norte. Anúncio feito ontem pelo o comando aéreo da Organização do Tratado do Atlântico Norte.

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