O Brasil vive um momento absolutamente desesperador no campo econômico e social. Segundo projeção do Banco Mundial, o PIB de nosso país deve cair 8% em 2020, o pior resultado de sua história. A população brasileira sofrerá um empobrecimento brutal, e os que mais perderão são aqueles que já não tem quase nada. Alguns estudos apontam um índice de desemprego na casa dos 15% até o fim do ano.

Uma das ações para tentar atenuar o impacto da pandemia foi o auxílio emergencial de R$ 600, conhecido como “coronavaucher”. Um benefício financeiro mensal direcionado para desempregados que atuam como Microempreendedores Individuais (MEIs), trabalhadores informais e contribuintes individuais da Previdência Social. Para receber o valor também é preciso ter um nível de renda familiar que não ultrapasse três salários mínimos ou pertencer à família cuja renda mensal por pessoa não ultrapasse meio salário mínimo.

Em outras palavras, trata-se de distribuição de renda para pessoas que não tem recursos, com limitações financeiras, cujos núcleos familiares são humildes e desprovidos de posses. Não é um dinheiro fácil que saiu da conta do governo para que qualquer um disponha. Não é, portanto, para playboy e patricinha que tem a quem recorrer.

E é necessário registrar que não, não está fácil para ninguém. Mas, da mesma forma, também é preciso admitir que as dificuldades da classe média, da classe média alta e dos ricos são menores que a dos setores periféricos de nossa sociedade: gente pobre que vive de bico para poder botar na mesa o pão de cada dia.

Ainda no fim de maio, a Controladoria Geral da União informou que foram encontradas cerca de 160 mil fraudes no programa, com pagamentos irregulares a milhares de pessoas que são sócias de empresas, que doaram R$ 10 mil nas últimas eleições, que são proprietários de veículos de mais de R$ 60 mil e até mesmo de embarcações, dentre outros.

O site da transparência agora disponibilizou a lista com os milhões que sacaram esses recursos. Cada cidadão poderá analisar quem requisitou. As listas que circulam deixaram claro que muitos dos beneficiários teriam outras opções que não um programa emergencial. E aqui não pretendo fulanizar citando esse ou aquele. O documento é publico e cada um pode constatar por conta própria.

É preciso fazer um pente fino no “coronavaucher”, identificando aqueles que usufruíram dele de forma irregular. Trata-se, afinal, de crime federal. Não se pode aceitar que o dinheiro para amparar quem passa fome seja desencaminhado por quem só vê uma oportunidade de tirar vantagem.

Compartilhe essa notícia: