Parecem vir de outro país

É crescente a cobrança de brasileiros diante da inexistência de hospitais com estrutura suficiente para combater a pandemia. Passam a impressão de estarem desembarcando no Aeroporto de São Paulo, vindos do Exterior, onde moraram por décadas.

Eles têm razão em relação à insuficiência, mas desconhecem o resto.

Cofre aberto

Por muitos anos, governos ignoraram o conceito de austeridade nas contas públicas. Preferiram aperfeiçoar máquinas de privilégios, favorecimentos e desperdícios, beneficiando minorias. Festivais de gastos desnecessários com dinheiro dos contribuintes consolidaram estruturas de apadrinhamentos.

Espécie de reino encantado

À medida em que o dinheiro correu para o ralo da corrupção, aumentou a pressão por aumento de impostos pagos pela população. Nas campanhas eleitorais, as generosidades da demagogia não tiveram limites. Muitos dos escolhidos não resistiram ao impulso de fugir das responsabilidades.

Retrato verdadeiro

 Relatório do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, órgão do governo federal, concluído em 2018, mostra que a falta de água tratada e saneamento básico favorecem a rápida circulação de vírus letais. No Brasil, 53,7 por cento da população vivem sem acesso à coleta de esgoto e 35 milhões à água potável, em um cenário de alta vulnerabilidade.

Demorou demais

O Senado aprovou ontem o projeto que institui o novo marco legal do saneamento básico e facilita a ampliação da participação privada no setor. Foram 65 votos favoráveis e 13 contrárias. Segue para sanção do presidente.

O debate entre parlamentares se prolongou por mais de dois anos.

Comparação

Nos Estados Unidos, os serviços públicos de água e esgoto atendem 87 por cento da população.

Apaga e acende

Aconselhado por militares que ouve, o presidente Jair Bolsonaro começa a abandonar o hábito reiterado de testar os limites institucionais.

Ontem, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, que não pode ver combustível por perto, acendeu um fósforo: “Bolsonaro trocou o presidencialismo de coalizão pelo de colisão”.

É o suficiente para as labaredas voltarem.

Sem cerimônia

Dom João de Orleans e Bragança não está gostando do andar da carruagem. O trineto de Dom Pedro II, último imperador brasileiro, escreveu em artigo publicado ontem no Diário de Pernambuco:

“A  governabilidade está em risco, a democracia é frágil, a instabilidade política e econômica atinge toda a população brasileira, principalmente os menos favorecidos  e vulneráveis. (…) É uma afronta o presidente participar de atos e manifestações pedindo intervenção militar. Inadmissível. O Brasil está de luto.”

Abram as cortinas

A desistência da empresa Mercado Aberto de instalar uma unidade em Gravataí enfatiza a necessidade de o governo do Estado abrir a caixa fechada dos benefícios fiscais. Em plena crise, deixarão de ser criados 500 empregos diretos e 1 mil e 500 indiretos. A Assembleia Legislativa, em ocasiões anteriores, buscou esclarecimentos sobre o processo de concessões e não obteve êxito.

Ilusão

O Sindicato da categoria afirma que 23 por cento dos professores no Distrito Federal não têm dispositivos móveis para darem aulas pelo sistema a distância. Imagine-se o que ocorre em regiões pobres do país. Foi muito fácil anunciar, no começo da pandemia, que os alunos aprenderiam pela Internet. Caberia ao Ministério da Educação fazer o levantamento das atuais condições em todos os estados.

Disparada

A memória costuma ser curta, sobretudo quando um patamar de equilíbrio é alcançado. Não dá, porém, para esquecer períodos de instabilidades e apreensões.

Na última semana de junho de 1985, o Ministério da Fazenda divulgou estudos projetando que a inflação do ano ficaria entre 171 a 182 por cento. A 31 de dezembro, alcançou 224 por cento, comprovando que o governo já não controlava a política de preços.

Nunca custa lembrar que a inflação alta é o imposto mais cruel que os assalariados pagam.

Finalmente

Corretores de imóveis festejam o atendimento a uma reivindicação surgida em 1998: poderem intermediar a venda de imóveis do governo federal. A lei 14.011/2020 foi aprovada e sancionada. Desse modo, haverá diminuição da quantidade de imóveis abandonados e sujeitos a invasões. A expectativa da União é arrecadar 30 bilhões de reais até 2022.

Há 65 anos

A 25 de junho de 1955, o presidente da República, Café Filho, promulgou a reforma eleitoral, que instituiu a cédula única. Até então, cada candidato ou partido político imprimia suas cédulas e se esforçava para que chegassem aos votantes.

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