Atropeladores
Bastou começar a aplicação da vacina, obedecendo a critérios e prioridades, para surgir uma nova categoria: a do fura-fila.
Merecem cadeia
Em Manaus e outros municípios do Amazonas, consagra-se a vigarice pandêmica. O Tribunal de Contas do Estado deu prazo de 24 horas para que as secretarias municipais da Saúde apresentem a lista dos que foram vacinados. Acumulam-se denúncias contra os que receberam a primeira dose antes dos integrantes dos grupos de risco. Tornou-se motivo para a Prefeitura da capital proibir fotos nos postos, evitando a comprovação do crime.
Vírus da paixão
Assis Silva Filho, secretário de Saúde de Pires do Rio, município do sudeste de Goiás, foi afastado por 60 dias do cargo. Decisão do Judiciário ao investigar denúncia de que favoreceu a esposa com a vacina da Covid-19. Ela não integra qualquer grupo de risco. Até agora, justificou dizendo que é a mulher da sua vida.
Espertinhos
A juíza federal Jaiza Fraxe, da 1ª Vara do Amazonas, determinou: os que foram beneficiados, indevidamente, com a primeira dose da vacina, furando a fila, não receberão a segunda. Atendeu a pedidos dos Ministérios Públicos Federal e Estadual, além da Defensoria Pública.
Punição
O desvio de vacinas caracteriza o crime de peculato, previsto no artigo 312 do Código Penal, que estabelece a pena de dois a 12 anos de reclusão e multa.
A prisão preventiva dos irresponsáveis deveria ser aplicada de imediato.
Tristeza
As escolhas dos novos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, que se realizarão no começo de fevereiro, criam uma atmosfera de euforia entre parlamentares associados à política menor e ao provincianismo rasteiro. Contingentes saem catando benesses e cargos em troca de votos.
Não muda
“Há um clima em Brasília que, neste instante de turbulência, torna-se mais visível: todos falam de todos e as moedas mais correntes são a intriga e a intimidação”. Foi o que escreveu o ex-presidente José Sarney em artigo publicado por jornais do centro do país, no final de janeiro de 1997. Como profundo conhecedor, o autor buscava definir a política na capital federal.
Localização inadequada
O eterno extremismo político garante ao Brasil vaga como sócio emérito no clube dos países subdesenvolvidos e retardatários.
Onde está a transparência?
Em muitos países, os orçamentos são verdadeiros programas de governo, acompanhados de perto pelos Legislativos e por entidades representativas da população. No Brasil, infelizmente, tornaram-se peças cuja compreensão se restringe a núcleos de tecnocratas, decididos a manter o monopólio das informações.
É a chance
Esta semana, empresários paulistas tentarão conversar com o ministro da Economia, Paulo Guedes. Querem que ele retorne ao protagonismo, liderando um projeto nacional de desenvolvimento.
Migração
Cresceu, no final de semana, a tendência de ingresso do presidente Jair Bolsonaro no Patriota, denominado Partido Ecológico Nacional até abril de 2018. O candidato do Patriota, na última eleição presidencial, foi o Cabo Daciolo, que não passou a 1,26 por cento dos votos. Bolsonaro atingiu 46,03 por cento.
Crime e castigo
Hoje, o rompimento da barragem de Brumadinho, Minas Gerais, que matou 270 pessoas, completa dois anos. As negociações com a Vale, que provocou a tragédia, foram encerradas sexta-feira pelo governo de Minas Gerais e demais instituições participantes das reuniões com a mineradora. A companhia se recusa pagar a indenização exigida de 54 bilhões e 600 milhões de reais. Agora, caberá ao Judiciário decidir.
Equilibra-se
Os fundos de investimento tiveram captação líquida positiva de 58 bilhões de reais entre os dias 1º e 15 de janeiro, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais. O resultado é a diferença entre os 392 bilhões e 700 milhões aplicados e 334 bilhões e 700 milhões sacados no período.
Depois de muitos erros
O colunista Lauro Jardim, de O Globo, noticia: “O Ibope Inteligência fecha e a família Montenegro deixa o ramo de pesquisas depois de 79 anos.”
Tropeço inicial
O primeiro grande equívoco de repercussão com as pesquisas ocorreu na eleição presidencial dos Estados Unidos em 1948. O democrata Harry Truman buscava novo mandato, mas todos os levantamentos davam a vitória ao republicano Thomas Dewey. Harry obteve 303 votos no colégio eleitoral, contra 189 de Dewey. Por alguns anos, tentando sanar o vexame, os institutos paravam com as pesquisas uma semana antes da ida às urnas.
No sobe ou desce
Ao anunciar, na semana passada, a manutenção da taxa anual de juros em 2 por cento, o Comitê de Política Monetária do Banco Central ficou em cima do muro sobre o futuro. Explicou que há risco de baixa e alta da inflação. No primeiro caso, o nível de ociosidade pode influenciar em uma inflação reduzida, o que é destacado com a reversão lenta dos efeitos da pandemia.
De desculpa em desculpa
O site do Senado publicou esta semana: “Aclamada no início de 2020 como a prioridade do Congresso Nacional e do país, a reforma tributária acabou sendo adiada em razão da pandemia e também por divergências políticas que dificultaram o debate no Senado e na Câmara.”
Excetuando a pandemia, a notícia se repete a cada começo de ano desde 1991.
Não entendem
A reforma tributária significa também facilitar a criação de negócios, a reabertura de empresas e a geração de empregos, impulsionando o desenvolvimento.
Nada a comemorar
Ontem, foi assinalado o Dia da Previdência Social. A 24 de janeiro de 1923, ocorreu a assinatura da Lei Eloy Chaves, a primeira destinada a garantir o recebimento de valores pelos contribuintes, quando param de trabalhar.
Injustiça
O Brasil, hoje, deveria ter um dos mais ricos fundos de previdência do mundo para garantir os pagamentos. Ao longo de décadas, governos extraíram recursos para vários fins com a promessa de devolução, o que nunca aconteceu. Consequência: aposentados da iniciativa privada recebem cada vez menos.
Pergunta
Fazer com que o mérito se sobreponha ao conchavo; que o interesse pessoal não prejudique o interesse público e que a razão prevaleça.
É pedir demais?
Desfile de falsificações
O Rio de Janeiro decidiu cancelar o Carnaval, mas o prefeito de Salvador, Bruno Reis, abre uma possibilidade: “Festa? Só para quem já estiver vacinado.” O controle será impossível e vão proliferar blocos intitulados Certificados Frios.
Confirma-se cada vez mais
Pedro Malan, ministro da Fazenda durante o governo Fernando Henrique, costumava dizer: “No Brasil, até o passado é imprevisível.”