Fora de órbita

A Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos realizou reunião no planeta Marte, semana passada, e decidiu liberar o aumento de até 10,08 por cento no preço dos remédios. Insensatos, seus integrantes pegam a população fragilizada pela recessão e pelo desemprego. Corresponde a mais do que o dobro da inflação do ano passado (4,52 por cento no IPCA).

Não é só: os planos de saúde também subiram acima da inflação. Em alguns casos, dobrou o valor da mensalidade.

Pagam ou não pagam

A nova diretoria da Organização Mundial do Comércio começa a debater a possibilidade de quebra de patentes das vacinas contra a Covid-19. Índia e África do Sul, numa proposta copatrocinada por mais 50 países, defendem que sejam abertos os direitos de propriedade intelectual sobre as vacinas para acelerar a produção e expandir o acesso à imunização e tratamentos contra a doença.

Desconhecem a excepcionalidade

Como se previa, os laboratórios donos das patentes das vacinas se posicionam contra a proposta, afirmando que a fabricação e comercialização fazem parte do negócio da indústria farmacêutica. Resumo: evitar mortes depende da caixa registradora.

Existe um exemplo

A decisão do cientista Albert Sabin, que descobriu a vacina contra a paralisia infantil na década de 1960, deve ser relembrada. Abriu mão de cobranças, o que facilitou a utilização em todo o mundo. Permitiu que crianças fossem imunizadas e não sofressem sequelas.

Duas urgências

O socorro emergencial em dinheiro é tão necessário quanto uma estratégia sanitária para derrubar os números da pandemia no país, unindo todos os governos. É o que ainda não existe, determinando o aumento de riscos.

Benefício coletivo

A partir deste mês, lei de autoria do deputado estadual Frederico Antunes põe fim ao Diferencial de Alíquotas, também conhecido como Imposto de Fronteira. Fica estabelecida a redução da carga nas compras internas para 12 por cento. Em 2020, era de 18 por cento. O objetivo é estimular as compras internas para comercialização ou industrialização, reduzir o custo financeiro de aquisição para empresas em geral e diminuir as despesas de compras para as do Simples Nacional.

Grande alcance

Com a nova lei, serão beneficiadas 260 mil empresas enquadradas no Simples Nacional, que representam quase 85 por cento do total de 310 mil empresas gaúchas. O ganho agregado previsto vai girar em torno de 350 milhões de reais em 2021.

Definição do conteúdo

As forças do centro político se unem e forçam o acelerador para romper a polarização entre PT e Bolsonaro na eleição do próximo ano. Só vontade não adiantará. Enquanto não se concentrarem num programa de governo, vão chover no molhado.

Competência para corrigir

Trechos de entrevista da nova secretária da Educação do Rio Grande do Sul, Raquel Teixeira, ao jornal Opção, de Goiânia, de onde veio e desenvolveu sua carreira:

“A primeira iniciativa é fazer uma busca ativa e forte para chamar de volta os alunos que sumiram da escola. Temos que evitar evasão e abandono, muito altos. (…) O Rio Grande do Sul é o 14º no Índice de Desenvolvimento do Ensino Básico. Muito aquém do possível. Na proficiência, vão bem, mas no fluxo são o segundo pior. É forte a cultura de reprovação. Desigualdade e reprovação são os problemas mais sérios no Estado.”

Perguntas

Desburocratizar, privatizar as estatais sem recursos para se expandir, desmonopolizar e simplificar o sistema tributário. É pedir demais aos condutores do setor público?

Boa lição

O jornalista norte-americano Walter Lippmann viveu de 1889 a 1974. Comentarista político notável, foi vencedor do Prêmio Pulitzer de Reportagem Internacional. Uma de suas frases preferidas: “Na vida pública, não basta falar, não basta saber. De igual importância é saber fazer.”

Não muitos aprenderam.

Mais uma fuga

Revisar a concepção das funções públicas e de sua divisão entre os níveis de governo.

Foi a proposta do economista Marcos Cintra, em 1999, ao assumir pela primeira vez o mandato de deputado federal por São Paulo. A partir daí, ocorreria discussão, embasada em dados, sobre quanto é preciso arrecadar para manter os serviços públicos.

A Câmara jogou na gaveta. Daria demasiado trabalho…

Carreata doentia

Grupo de manifestantes promoveu buzinaço em frente ao Hospital Municipal de Guaratuba, litoral do Paraná, no sábado. Protestavam contra medidas de restrição no combate à pandemia. Médicos e enfermeiros saíram correndo à rua com cartazes para pedir silêncio e respeito aos pacientes.

Horizonte entristecedor

O primeiro relatório de Riscos Globais de 2021, produzido pelo Fórum Econômico Mundial, mostra que, “além do Covid-19 ter causado mais de 2 milhões de mortes até o momento, os impactos de longo prazo na saúde continuarão a ter consequências devastadoras. A onda de choque econômico da pandemia – horas de trabalho equivalentes a 495 milhões de empregos foram perdidas apenas no segundo trimestre de 2020 – aumentará imediatamente a desigualdade, além de uma recuperação desigual”.

Quase 60 por cento dos entrevistados responderam “doenças infecciosas” e “crises de subsistência” como as principais ameaças de curto prazo para o mundo.

Desprezo à vida

O professor e jornalista Ricardo Viveiros, em artigo publicado ontem pelo Jornal do Dia, de Aracaju, relembra:

“De 1930 a 1940, Josef Stalin, no comando da então União Soviética, obrigou que alguns países da Cortina de Ferro exportassem a totalidade dos alimentos produzidos para manter a economia, matando entre 20 e 25 milhões de pessoas de fome. Argumentou: “A morte de uma pessoa é uma tragédia; a de milhões, uma estatística.”

Mais sobre tragédias

Segue Viveiros: “De 1939 a 1945 o Nazismo, sob a liderança de Adolf Hitler, exterminou de 17 a 20 milhões de pessoas na Europa. Foram judeus, ciganos, romenos, sérvios, eslavos e, também, deficientes físicos e gays de qualquer origem étnica. Em 1945, após a Segunda Guerra Mundial, Stalin obrigou os estrangeiros, que estavam no leste europeu, a regressarem a pé aos países de origem. Morreram entre 1,5 a 2 milhões de pessoas. De 1958 a 1969, no “Grande Salto Adiante”, Mao Tsé-Tung comandou na China e no Tibete um conflito para criar potências industriais. Morreram de fome 40 milhões de pessoas.”

Aposta no futuro

Há consenso entre os que conhecem a engrenagem da Economia: a recuperação dos empregos no país dependerá da sobrevivência e do crescimento das micro e pequenas empresas. São os setores mais dinâmicos e promissores.

Habilidade para se equilibrar

Quem assume mandato eletivo sabe que vem junto o ônus de gerenciar crises. Portanto, não há como escapar de aplausos, chuvas e trovoadas. Unanimidade não existe.

Prejudicaria carreiristas

Na revisão constitucional de 1993, havia uma emenda prevendo o voto de destituição, permitindo ao eleitor cassar o mandato de parlamentar que não cumprisse as promessas feitas na campanha eleitoral. Seria a transposição de modelo utilizado em vários estados norte-americanos. A emenda travou e a revisão encalhou.

Percepção atrasada

Livros de História registram: na noite de 4 de agosto de 1789, desejando evitar que o pior acontecesse, os nobres na Assembleia Francesa votaram pela extinção de todos os privilégios. Era tarde.

É assim

Opinião dos que acumularam experiência: na Política se aprende a dançar, dançando muito.

Tom amargo

“Estou vendo uma luz no fundo do túnel”, disse um amigo a outro, durante conversa num bar. A resposta: “Espera só até o fim do mês para ver a conta”.

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