Guinada de 180 graus

O documento da Reforma Tributária do Estado, apresentado ontem, é uma declaração de boas intenções.

Algumas observações:

1ª) reduzir impostos sobre produção e consumo depende só do governo. Resta fiscalizar se o benefício chegará ao consumidor final. Em tentativas anteriores não funcionou. Setores intermediários embolsaram os percentuais.

2ª) Tributar o patrimônio envolverá discussão com setores atingidos que não costumam aceitar a medida. O jogo de forças será decidido na Assembleia Legislativa.

3ª) Durante os debates, deputados estaduais exigirão que o governo apresente a lista dos cortes de seus  gastos e assuma o compromisso de cumprir.

4ª) Modernizar e desburocratizar os processos será uma queda de braço pesada com administradores que preferem deixar tudo como está há décadas.

Na torcida

O ministro da Economia, Paulo Guedes, tornou-se o vendedor de otimismo do governo. Garante que “o Brasil vai surpreender o mundo com crescimento que não está na agenda de ninguém”.

Significa empurrar lomba acima um caminhão com problemas no motor. Espera-se que chegue ao topo.

A perda de renda é um dos gargalos da retomada do crescimento.

Será difícil

A pauta principal do Fórum Econômico Mundial, a ser realizado em janeiro de 2021, está escolhida: A Grande Redefinição.

Os organizadores querem alcançar “o compromisso de construir conjunta e urgentemente as bases de nosso sistema econômico e social para um futuro mais justo, sustentável e resiliente”. Inclui “um novo contrato social centrado na dignidade humana, justiça social e onde o progresso da sociedade não fica para trás do desenvolvimento econômico”.

Se sair do papel, todos ganharão e não só os representantes da elite que vão a Davos.

Aposta no futuro

Alysson Paulinelli, ministro da Agricultura de 1974 a 1979, perguntou recentemente: “Se o Brasil não crescer, quem vai garantir a quantidade de alimentos necessários, capaz de atender a demanda e as exigências do consumidor?”

Acrescentou Paulinelli: “Já somos, em volume e valor, os principais exportadores do mundo. Tudo indica que não podemos parar. O grande lance agora é parar e pensar para irmos além das commodities, com foco nos alimentos saudáveis e garantidos, incorporando 4 milhões e meio de propriedades que ainda estão fora do jogo.”

Está na mira

O ministro Gilmar Mendes voltou atrás, após declarar que o Exército se associou a um genocídio durante a pandemia. Ontem, usou o recurso tradicional de atribuir tudo a um erro de interpretação. Mesmo assim, não ficará livre de outros desdobramentos.

Números não escondem nada

O placar eletrônico jurometro.com.br chegou ontem a 200 bilhões de reais. Valor pago desde 1º de janeiro deste ano para rolar a dívida do governo federal.

Comparando: o orçamento do Ministério da Saúde para 2020 é de 162 bilhões e 650 milhões de reais.

O tempo corre

Se a pandemia deixar, em exatos quatro meses estaremos indo às urnas para escolha de prefeitos e vereadores, após uma campanha eleitoral totalmente diferente de tudo quanto já assistimos.

Outra vocação

Levantamento do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar mostra que 123 dos 513 deputados federais têm a intenção de entrar em uma nova campanha, menos de dois anos após assumir o cargo em Brasília. Preferem trocar o marasmo do mandato legislativo por correria e dores de cabeça em prefeituras.

Do que escapamos

Jornais de 15 de julho do ano passado trouxeram como manchete: “Para o governo, Câmara quer criar o maior imposto do mundo”. A notícia: “Em disputa com o Congresso pelo modelo de reforma tributária que será adotado no país, o Ministério da Economia calcula que a proposta abraçada pela Câmara dos Deputados daria origem ao maior Imposto sobre Valor Agregado do mundo. Pelas contas da equipe do governo, para ser viável, exigiria a fixação de alíquota de 30 por cento ou mais para o novo imposto.”

Nada andou.

Os pioneiros

Sobre nota publicada ontem nesta coluna, o jornalista Batista Filho, atual presidente do Conselho Deliberativo da Associação Riograndense de Imprensa, lembra a equipe da TV Piratini, criada em 1959.

O primeiro diretor foi Cambises Martins; diretor de Jornalismo: Erasmo Nascentes, depois Lauro Schirmer e Enio Melo; diretor de Programação: Enio Rockenbach; diretores de Imagem: Sérgio Reis e José Maurício; diretor de Esportes: Guilherme Sibemberg.

O primeiro funcionário com carteira assinada da Piratini foi Batista Filho.

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