Temporada do vale-tudo

Vai começar a campanha eleitoral em que robôs e militantes contratados divulgarão notícias falsas em larga escala. Agências de checagem de veículos de comunicação ou de estruturas independentes farão esforços para desmentir tais conteúdos. Desconfiar de notícias que beneficiam um grupo ou prejudicam outro é o primeiro passo para ir em busca da verdade.

Fama do bicho

A depreciação dos políticos pode levar à repetição de votos que expressaram a inconformidade.

Em 1959, na eleição para a Prefeitura de São Paulo, o rinoceronte Cacareco recebeu a incrível soma de 100 mil votos, sendo vencedor em meio aos outros 540 candidatos que disputavam uma cadeira do legislativo municipal. Recebeu também destaque na capa do jornal The New York Times.

Inseto ganhou

Em 1987, eleitores do município de Vila Velha, Estado do Espírito Santo, ficaram inconformados com o poder público diante do combate à grande quantidade de casos de dengue. Inventaram o candidato Mosquito, que obteve 29 mil e 668 votos, cerca de 3 mil a mais do que o segundo colocado.

De novo no Zoológico

O cenário não mudou em 1988. O macaco Tião, chimpanzé que vivia no Jardim Zoológico do Rio de Janeiro, foi lançado como candidato à Prefeitura. A iniciativa partiu dos redatores que viriam a se tornar conhecidos com o programa de TV Casseta e Planeta.  Tião chegou em 3º lugar com 400 mil votos.

Tática do deixa para lá

O deputado federal Ricardo Barros assumiu dia 12 deste mês a liderança do governo na Câmara e já cumpriu a primeira tarefa. Explicou a agressão do presidente a um repórter: “Conhecemos Bolsonaro há 28 anos, ele sempre foi assim e não vai mudar.” Barros acrescentou que o episódio não afetará a relação com os parlamentares. Inclui-se na lista. Se for atacado, vai considerar como osso do ofício.

Reação diferente

Nas poucas vezes em que Luiz Inácio Lula da Silva foi provocado por repórteres, costumava dizer que ali estava infiltrado “um direitoso”. Ria e pedia o assunto seguinte.

As duas atitudes se igualam no que se chama fuga da resposta.

Paliativo

O plenário da Câmara dos Deputados deve votar hoje o projeto que aumenta as penas de vários tipos de crimes ligados ao desvio de recursos, destinados ao enfrentamento de estado de calamidade pública, como a relacionada à pandemia de Covid-19.

A aprovação, estendendo por alguns meses a permanência no presídio, não adiantará muito. Resolveria se existisse a prisão perpétua.

Lá vêm os trens

No Rio Grande do Sul, o setor está em declínio, mas o governo de São Paulo incentiva a construção de linhas de trens de passageiros e cargas que vão ligar cidades do Interior. O projeto é do secretário da Fazenda, Henrique Meirelles, que precisará captar, inicialmente, 8 bilhões de reais junto à iniciativa privada. O setor público não entrará com um centavo nas obras. Como contrapartida, dará concessão de 30 anos para a exploração das linhas.

Renúncia de 25 agosto de 1961

Em artigo publicado a 24 de agosto de 2001 na Folha de São Paulo, Saulo Ramos, que era assessor de Jânio Quadros, recordou o que tinha acontecido há 40 anos:

“O presidente chamou-me em seu gabinete e entregando-me dezenas de anotações, disse: “Estude tudo e amanhã vá para Porto Alegre preparar a reunião de governadores que realizarei.”

Surpreendente

De Brasília, Saulo voou para São Paulo, onde dormiu. Segue a narrativa: “Quando cheguei ao aeroporto para embarcar, havia um oficial militar me esperando com instruções para cancelar a viagem. Dada a ordem, o oficial me cochichou: “O presidente renunciou.”

Eco de Norte a Sul

Saulo voltou para o automóvel que o trouxera e ligou o rádio. “Chiava muito”, lembra. “Todas as estações transmitiam nas vozes de locutores aflitos: Jânio acaba de renunciar.”

Não conseguiu

Continua o relato: “Ainda no dia 25, Jânio me pediu para providenciar uma passagem de navio para Inglaterra, de preferência num cargueiro modesto que tivesse cabine de passageiro.”

Sem qualquer responsabilidade, partiu, deixando o país em crise. Queria mesmo dar um golpe, voltando ao poder nos braços do povo.

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