Sucedem-se reuniões fechadas nos partidos derrotados em eleições majoritárias. A máquina de lavar roupa suja gira, enquanto alguns repetem: “Não adianta o aborrecimento. Para corrigir é preciso dizer tudo.”

Desistência

Donos de empresas fortes do transporte de cargas reuniram-se em teleconferência, semana passada, para buscar uma forma de recuperar a imagem do setor, atingida com as paralisações. Assessores expuseram os dados: 1) os prejuízos em todo o país foram assustadores; 2) poucos recorreram ao Judiciário para reclamar.

A conclusão: é melhor não mexer na ferida.

Ausências

A Assembleia Legislativa entregou, sexta-feira, o Troféu Educacional Leonel de Moura Brizola às escolas que obtiveram, primeiro, segundo e terceiros lugares na avaliação do Índice de Desenvolvimento da Educação BásicaO cerimonial deve ter esquecido de avisar. No Memorial do Legislativo, local do evento, nenhum deputado presente.

Com mais rigor

Chegou ao Senado o projeto aprovado semana passada na Câmara dos Deputados que aumenta as penas de vários crimes sexuais contra crianças e adolescentes, classificando-os como hediondos. Pelo texto, o condenado por crimes dessa natureza não terá direito à saída temporária, passível de concessão para presos com bom comportamento.

Antecipa-se

Ainda está longe, mas a Confederação Nacional dos Municípios acorda cedo. Começa a organizar a 24ª Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios. A concentração em Brasília, de 27 a 30 de março, servirá para tirar a temperatura do futuro governo sobre a abertura do cofre para as Prefeituras.

Confiança total

Uma semana depois de os norte-americanos terem ido às urnas para a escolha de senadores e deputados federais, a contagem manual não terminou. Um dos motivos para o atraso: votos enviados pelo Correio, o que consideram normal. Imagine-se caso a mesma circunstância ocorresse no Brasil…

Sem perspectivas

De Havana, o repórter Maurício Vicente publicou ontem no jornal espanhol El País: “Cuba e um êxodo sem fim à vista. Em um ano, 224 mil cubanos partiram para os Estados Unidos, 2% dos habitantes do país e mais de 4% de sua população ativa. Os que saem são em sua maioria jovens.”

Talento fulgurante

Milton Nascimento, ontem à noite, em Belo Horizonte, fez o que anunciou como sendo o derradeiro show em palco. Contraria a vontade de seus incontáveis admiradores que esperam venha a desistir da decisão.

Surgimento

Em maio de 1967, a plateia do Salão de Atos da Reitoria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul aplaudiu de pé os últimos acordes de Travessia. Foi durante a fase eliminatória do Festival Internacional da Canção, realizada em Porto Alegre. O mineiro praticamente desconhecido interpretou com expressão surpreendente e arrebatadora.

Modesto como poucos

Terminada as apresentações, como repórter-estagiário de Zero Hora, fui aos bastidores para fazer algumas entrevistas. Encontrei Milton numa cadeira e sozinho. Quando me viu com o bloco de anotações e a caneta, perguntou: “Você é repórter? Será que agradei?” Respondi: “Não só agradou, você arrasou e está classificadíssimo.”

Consagrado

Em outubro do mesmo ano, com o Maracanãzinho lotado, Milton recebeu o Prêmio de Melhor Intérprete do Festival. Travessia, composição sua e de Fernando Brant, foi a segunda colocada entre as 46 músicas selecionadas para a fase final. A vencedora: Margarida, de Guarabyra, interpretada por ele e o Grupo Manifesto. Em terceiro ficou Carolina, de Chico Buarque, apresentada por Cynara e Cybele.

Dom maior

Vida longa para Milton Nascimento, autor de obra consagradora que inclui Beijo Partido; Bola de Meia, Bola de Gude; Encontros e Despedidas; Canção da América; Maria, Maria; Tudo que Podia Ser e Caçador de Mim.

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