O Sistema prisional é caótico, isso é sabido. Degradante. Insalubre. Impraticável.

Mas, somado a isso, paira a fragilidade sistêmica das operações. Falo de gestão, da parte organizacional, de tudo que tange o sistema penal. É frágil há tanto tempo que escandaliza. Vemos ações semelhantes ao que ocorreu recentemente em Caxias desde os anos 80. Muitas delas custando a vida de agentes da lei.

Da escolta a burocracia, da ausência de um médico de plantão até a falta de coesão nas informações sobre um detento em integrada partilha entre agentes, sistema judiciário e policia militar, tudo são demandas de baixo custo que corrigiriam erros inadmissíveis, fatais. Falta engajamento.

É até ingênua a atitude de transportar um apenado em plena madrugada em uma rota mapeada pela obviedade de ter apenas uma UPA de atendimento como destino obrigatório. Uma vida perdida. Porém, não seria se houvesse o efetivo adequado para uma escolta correta, que não seria se um plantonista fosse chamado para atender o preso no cárcere àquela hora.

O Delegado Ranolfo é o vice-governador do Estado; é também secretário de segurança pública e homem experimentado na lide policial. Se não em sua gestão superpoderosa pelo somatório de dois cargos do alto escalão do governo, então quando se terá uma tomada de decisão pela correção do processo de gestão e execução do cotidiano administrativo do sistema carcerário?

E, pior do que o amorfismo diante de ações, é o escudamento atrás de uma pálida nota de pesar aos familiares do agente vitimado em suas redes sociais. No entanto, quando convidado a debater o caso com especialistas em segurança no Cruzando as Conversas de ontem, a assessoria do vice-governador informou que por ser debate não era prioridade para o momento. Lamento a falta de coragem para um momento que exige somente isso. Faltou o elã da função pública ao Delegado Ranolfo no dia de ontem, faltou lembrar que prestar contas à sociedade gaúcha é obrigação, não um direito.

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