No último dia 6 de junho se lembrou, como se faz todos os anos, e particularmente acho que deve ser com muito mais ênfase – e é por isso que escrevo esse artigo, o dia “D” -, o desembarque de mais de 160 mil homens dos exércitos aliados nas praias de Normandia, no litoral norte da França.

A Segunda Guerra Mundial talvez possa ser considerada um dos eventos mais importantes da história da humanidade, pelo seu caráter trágico, pelas ideologias envolvidas, pelos retrocessos civilizacionais, pelos avanços tecnológicos. Foi um tempo de extremos e de paradoxos. Imaginemos, por exemplo, se ao invés da vitória dos aliados, a Alemanha nazista tivesse triunfado. Aliás, do ponto de vista político, duas das três ideologias totalitárias do século XX felizmente sumiram, restando ainda o comunismo como ideologia, travestido de uma aura de justiça social.

No final a democracia saiu vitoriosa, o conservadorismo inglês sob a liderança de Winston Churchill (que foi o grande líder político desse episódio histórico), o capitalismo americano, e pelos cinquenta anos seguintes à Segunda Guerra Mundial, também o comunismo soviético, até a derrocada da antiga União Soviética e a queda da Cortina de Ferro.

Mas tudo isso começa a virar no dia “D”, e daí a importância dessa data. Desde sua ascensão ao poder, Hitler expandia sua força e domínio. Conquistando quase toda a Europa quase colocou a Inglaterra de joelhos. A liderança de Churchill e o erro de Hitler em ter atacado a Rússia foram o início do fim do III Reich. Mas o ponto decisivo de inflexão do império do terror do nazismo foi a invasão aliada da Normandia. Claro, outros episódios foram importantes. As derrotas nazistas no norte da África e em Stalingrado, por exemplo, mas o verdadeiro “turning point” foi o desembarque dos aliados no dia 6 de junho de 1944.

Anos antes, na primeira parte da guerra da Inglaterra contra a Alemanha, quando Royal Air Force derrotou a Luftwaffe, o primeiro Ministro inglês proferiu a célebre frase “nunca tantos deveram tanto a tão poucos”. Poderíamos dizer o mesmo aos 10 mil mortos daquele dia, aos 150 mil sobreviventes da invasão, muitos dos quais perderam suas vidas nos dias subsequentes. Mas, dos sacrifícios deles, temos hoje um mundo que, mesmo com todos os problemas que sempre existiram na história da humanidade, é regido pela luz da democracia e não pelo terror do totalitarismo.

 

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