| Lívia Rossa |
Sebastião Melo é candidato à prefeito pelo MDB, coligação “Estamos juntos, Porto Alegre”. Seu vice é o vereador Ricardo Gomes (DEM). Melo foi vereador e também presidiu a Câmara duas vezes. Além disso, ocupou a vice-prefeitura da cidade e, atualmente, é deputado estadual.
Em entrevista ao programa Cruzando as Conversas, da RDC TV, nessa segunda-feira (13), Melo respondeu às perguntas da sabatina e pontuou alguns aspectos do Programa de Governo. Confira alguns dos apontamentos realizados durante a entrevista:
Alinhamento com candidatos de visões ideológicas diferentes
Sobre ter se unido com candidatos de visões ideológicas diferentes, ao longo da sua trajetória, Melo afirmou que possui um lado na política. O prefeiturável comentou que “continua sendo o mesmo Melo”, mas que junto das eleições existem circunstâncias.
“Quando analisamos a política, temos que olhar a floresta. Acho que temos que olhar minha atuação como vereador. Eu fui um dos vereadores que mais fez oposição ao PT, nos meus 12 anos de mandato. Sou um deputado estadual que votei pelas privatizações, eu votei pelo código ambiental, votei pela reforma administrativa (…) Então eu tenho lado na política” disse.
Percepção sobre o combate à pandemia
Na avaliação de Melo, a postura da gestão atual perante à pandemia “não deveria ter caminhado da maneira que ocorreu”. De acordo com ele, a Prefeitura teria interferido muito e que, com os protocolos sendo atendidos, a cidade poderia ter funcionado normalmente sem “chegar à quebradeira que chegou”.
Outra crítica do candidato foi em relação ao fechamento das atividades da construção civil. Ele acredita que, se as obras públicas continuaram, as obras privadas também deveriam ter tido liberação.
“A construção civil, que emprega 30 mil pessoas, ficou fechada. No entanto, as obras públicas do município, todas ficaram abertas. Então o vírus dava em um lugar e não dava no outro? O vírus só chegava na obra privada e não pública, não? A decisão foi baseada só na política, na minha avaliação”, ressaltou Melo.
Porto Alegre teria errado, em 2016, nas eleições do segundo turno?
Considerando a postura adotada pelo governo Marchezan durante a pandemia e também em relação à outras questões, sobre suposto erro da população de Porto Alegre, em 2016, Melo disse que “respeita a população”, já que a mesma já teria o feito vereador diversas vezes. Ele afirmou também que “a democracia tem que ser respeitada”.
Ainda segundo Melo, a vitória da eleição passada não seria, necessariamente, nem o prefeito, nem a oposição, mas “o voto branco, o voto nulo e a abstenção”.
Projetando possível postura da população, o prefeiturável acrescentou que é possível que a situação se repita neste ano e que uma das soluções para a descrença do país na política talvez pudesse ser o voto facultativo: “Acho que o Brasil tinha que adotar o voto facultativo, a população já chegou à conclusão que não votar não tem problema nenhum”.
Privatizações
A respeito das privatizações e outras medidas para a cidade, Melo disse que “aquilo que está dando certo o governo que assume tem que manter. Não vou mexer em nada do que estiver dando certo”.
Com o objetivo de atentar à cidade sob o ponto de vista econômico, Melo pretende, se eleito, regulamentar leis e facilitar a burocracia para os pequenos negócios. “Vou olhar do ponto de vista da cidade. Se nós ganharmos a eleição, vamos regulamentar a lei da liberdade econômica. Vamos acabar com alvará para pequenos negócios”, disse.
Dentre as vontades de Melo também se inclui a centralização de licenciamento. “Vamos centralizar o licenciamento porque isso vai facilitar e vamos permitir também o credenciamento atráves de empresa para fazer projetos”, comentou.
Parcerias publico-privadas
O candidato emedebista se mostrou bastante inclinado a parcerias. Ele citou a parceria para a iluminação pública, por exemplo, e pretende reproduzir em outras áreas como na saúde e na educação.
”Acho correto as parcerias na sáude e outras parcerias. É o caso dos restaurantes populares, que não têm porque a prefeitura ser dona. Ela tem que conveniar entidades que têm especialidade e a população tem que ter comida. As creches comunitárias, que são algo que dá certo na nossa cidade, são mais de 200. Existem seis mil crianças na fila precisando de creche. Porque a Prefeitura vai construir creche? Ela compra vaga e faz parceria”, acredita.
Questionado se teria interesse em vender alguma empresa para aumentar a eficiência do Estado, Melo respondeu, prontamente: “A Carris, se tiver comprador, eu vendo”. De acordo com o candidato, o transporte coletivo é um dos grandes desafios do Brasil, e compõe um “sistema colapsado”. Ao desmoronamento, ele atribui o corte de linhas de ônibus, a passagem alta, a perda de passageiros e os 30% de isenções.
Como solução, Melo vê a criação de fundo nacional de mobilidade urbana, semelhante à forma como foi realizado no Sistema Único de Saúde (SUS). “Vamos financiar para os que não podem pagar porque hoje o pobre paga para o isento que está do lado, que também é pobre”, disse.
Diálogo
Mesmo com o foco em Porto Alegre, Melo quer dialogar com o Governo Federal para beneficiar a Capital gaúcha. Ele defende que é necessário buscar mais recursos e fazer parcerias.
“Política, se você for governar olhando só para o orçamento de Porto Alegre, você vai ser um medíocre prefeito. Você tem que buscar recursos extras orçamentários e fazer parcerias. Eu vou sentar com Bolsonaro. Não tenho nenhuma dificuldade de sentar com presidente Bolsonaro, com governador Eduardo Leite”, disse.