| Alice Ros |

A inflação dos alimentos tem refletido em alta no preço de cestas básicas. O aumento relatado por consumidores foi confirmado pelo Índice de Preços para o Consumidor Amplo (IPCA), que apontou acréscimo de 8,83% na inflação de produtos alimentícios nos últimos 12 meses.

Em 2020, itens essenciais na alimentação dos brasileiros subiram acima da média. Alimentos como arroz (19,2%), feijão preto (28,9%), óleo de soja (18,6%) e tomate (12,3%) tiveram aumento de preços, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A alta acontece por uma junção de três fatores: a desvalorização cambial, a redução de produtos agrícolas produzidos pela China e a supersafra no Brasil. Segundo Adalmir Marquetti, professor da Escola de Negócios da PUCRS, isso dificulta a redução dos preços. “A queda do preço vai demorar. O dólar sofreu uma desvalorização, ou seja, o real deveria se valorizar frente ao dólar. A demanda na China diminuiu e a produção da supersafra [no Brasil]. Eu não vejo uma queda de preços importantes nos próximos meses”, afirmou em entrevista ao Portal RDC (09).

Marquetti explicou que a variação de preços está ligada ao conceito de oferta e procura. Mesmo assim, o aumento no valor da cesta básica não tem relação direta com o pagamento do auxílio emergencial. “O aumento dos preços decorre de questões ligadas à oferta. Ele decorre de fenômenos que não estão associados aos R$ 600”, apontou.

Para o professor, a inflação está mais concentrada em alguns setores do que propriamente na economia. “O problema é que essa inflação bate bem nos alimentos, uma parte importante nos gastos das famílias”, disse. Neste sentido, os valores de aluguéis e no preço do combustível também são impactados.

“O preço do combustível foi uma combinação da desvalorização cambial e do aumento do preço do petróleo, que aconteceu nos últimos meses. Eu acredito que o preço da gasolina tende a estabilizar”, estima Marquetti. Atualmente, a taxa Selic, que estabelece juros básicos, está avaliada em 2%.

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