O próximo domingo (29) será especial para Thiago Gomes. Depois de quatro anos no Grêmio, como treinador do extinto time de Transição e auxiliar-técnico da equipe principal, ele passou pelo Brasil de Pelotas e retornou recentemente ao São José, que agora encara o tricolor pela 3ª rodada do Campeonato Gaúcho. Em entrevista exclusiva ao RDC Esporte, nesta sexta-feira (27), o treinador de 38 anos falou sobre o reencontro com seu ex-clube, com Renato Portaluppi, e muito mais. Confira os principais trechos:
Gramado sintético do Passo D’Areia
“Bom ou ruim eu não chego a classificar. É diferente um pouco, obviamente. A dificuldade que um time tem para jogar no Passo D’Areia hoje é a mesma que o São José tem para jogar fora de casa. Aqueles primeiros minutos da partida, até você se adaptar com a velocidade do campo, que é um pouco diferente. […] Porém, não é uma diferença que vai atrapalhar a performance da equipe. Às vezes eu acho que se cria um monstro que é muito maior do que é. E o gramado sintético tem níveis. O do São José obviamente não é do nível do Palmeiras, do Athletico-PR, mas também não é o gramado sintético que a gente bate bolinha [pelada]. Ele está em um nível acima disso. Também tem uma lenda muito grande de que o risco de lesão é maior. Eu trabalhei três passagens pelo São José, e tive menos lesões de cruzado do que nos quatro anos de Grêmio”.
Cursos da AFA x CBF
“Alguns pontos diferenciam bem. Primeiro que a Federação Argentina utiliza como metodologia, para todos treinadores, a periodização tática portuguesa. Outro ponto que para mim é fundamental é que o mesmo professor-treinador que deu aula para o Bielsa, para o Gallardo, para o Sampaoli, deu aula para o Thiago. Na CBF você faz um curso em 2015, você pode pode ter aula com o Lisca, daqui a pouco pode ter aula com o Osmar, com o Mancini. Têm muitos treinadores que rodam nos cursos da CBF qualificados, mas cada treinador tem sua forma de pensar o jogo. O forma de pensar uma organização ofensiva do Diniz é diferente do Mano Menezes.”
Rebaixamento do Grêmio
“É muito difícil de explicar. Eu não estava presente na comissão do Tiago Nunes, estava na Transição, mas inicia um campeonato em que a sequência dos primeiros jogos foi muito abaixo. Naquele momento em que troca o Tiago Nunes, o Grêmio está muito atrás, e esse momento acaba gerando uma dificuldade para você correr atrás do prejuízo. E quando o Felipão consegue dar uma melhorada na equipe, acaba tendo uma opção pela troca. Eu acho que naquele momento o professor Scolari, se continuasse, iria tirar o Grêmio do rebaixamento, porque é um treinador experiente. O time vinha fazendo um jogo mais de resultado, e é natural oscilar, porque quando está atrás você fica sob uma pressão muito grande”.
Bitello
“Eu gosto muito do Bitello jogando como um volante, porque acho que ele tem uma capacidade de construção de jogo muito grande. É um menino que consegue se virar em zona central do campo onde tem muita pressão, gira para os dois lados, tem ambidestria. E ele vindo de trás um elemento surpresa. Acho que o Bitello consegue jogar como meia. Na Transição, chegou a jogar comigo até como aquele beirada que nem o Ramiro fez no Grêmio, o extrema da direita, porque ele é muito inteligente. Pode fazer também, porque tem intensidade, agride linha. Mas se eu pudesse sempre colocar ele na posição em que sinto ele mais confortável jogando, é como um segundo volante, dando liberdade para chegar bastante.”
Jogo contra o Grêmio
“Jogar contra o Grêmio, com reservas ou titulares, é um problemão para nós, é uma dificuldade enorme. O importante quando você vai jogar contra a dupla Gre-Nal é você encurtar, diminuir os espaços, porque são times que em um espaço muito curto os jogadores vão lá e decidem o jogo. Temos que estar muito atentos, compactos, pertos. Mas eu quero tentar colocar o que a gente tem feito. Vamos tentar marcar em cima, fazer nosso jogo. Naturalmente o adversário tem uma qualidade enorme, vai nos empurrar para trás em alguns momentos. Tem que saber que vai acontecer. Mas vamos tentar manter nossa proposta.”
Reencontro com Renato
“Muito especial. Primeiro que é um treinador que eu tenho como modelo e exemplo. É um cara que tem uma capacidade de fazer uma gestão de jogadores acima da média. Pude aprender muito com ele isso. É um treinador que tem uma visão de jogo incrível. Diversos momento, a gente que é treinador está tentando ver o que nosso colega de trabalho, que a gente admira, está pensando e montando. E eu vi muitas vezes o Renato fazer uma leitura de jogo e eu: ‘bah, ele pensou bem’. Vou estar jogando contra um treinador que me ajudou muito dentro da minha formação, foi fundamental na minha contratação. Ele foi uma das pessoas que aprovou minha contratação na equipe de transição.”