| Alice Ros |

A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Rio Grande do Sul (Abrasel-RS) encaminhou, na quarta-feira (03), ofícios ao governo do Estado e à Prefeitura de Porto Alegre pedindo medidas de suporte durante a pandemia, como isenção de impostos e auxílio econômico.

No documento, a entidade pede isenção por nove meses e parcelamento sem juros das dívidas de ICMS, isenção de 100% de IPTU e acordos com CEEE e Dmae. As dívidas de fornecimento de água e energia elétrica estão atrasadas há quatro meses. 

A Abrasel estima que mais da metade dos bares e restaurantes gaúchos estão com pagamentos em atraso e correm o risco de fechar as portas. Segundo a entidade, a maior parte dos integrantes do setor é de micro e pequenos empresários que tiveram crescimento dos custos em torno de 60% durante a pandemia.

Em entrevista ao Portal RDC (04), a presidente da Abrasel no RS, Maria Fernanda Tartoni, alegou que os estabelecimentos tiveram queda de 50% no faturamento em 2020, quando comparado ao ano de 2019. De acordo com Tartoni, o setor não tem como manter suas atividades apenas com tele-entregas, como permitido em bandeira preta.

“A única coisa que ainda está plausível é a tele-entrega, mas também não é uma área dos bares e restaurantes que sustenta todo o setor. A gente está fechado e simplesmente não tem ajuda”, explicou. “Estamos pedindo ajuda para todas as esferas públicas. No município, a gente está pedindo isenção de IPTU e de alguns outros impostos específicos para os estabelecimentos. Para o Estado, redução do ICMS, parcelamento da dívida e negociação com a CEEE para o pagamento de energia, porque a gente também está com esse tipo de pagamento em atraso. Em relação à federação, a gente está pedindo a prorrogação do Pronampe”.

A presidente da Abrasel-RS também destacou que as primeiras parcelas do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) já estão sendo cobradas. O pagamento, no entanto, tem gerado dificuldades em relação à negociação.

“A gente tem o levantamento de que 70% dos estabelecimentos pegaram o empréstimo, e quem não pegou é porque não conseguiu. Agora começa a fase de pagar e isso é um grande problema”, explicou.

“Chegamos neste momento totalmente esguelados. A cada hora que passa, as pessoas se desesperam mais. Ficam sem dormir pensando ’o que eu vou fazer, o que eu vou fazer’. Aquela esperança que a gente tinha, de que vai passar e de que de hora em hora a gente vai se restabelecer, está cada vez menor”, ressaltou Maria Fernanda.

Além do pagamento de impostos, a presidente da Abrasel-RS afirma que os negócios não têm condições de realizar o pagamento de funcionários e fornecedores sem prestar atividades presenciais.

“Amanhã é dia de pagamento de folha. Imagina com uma semana fechada, tendo que pagar folha, tendo que pagar impostos, tendo que pagar o décimo que vence amanhã. A gente não tem dinheiro para fazer isso. Com a folha cheia, os benefícios ainda não saíram e, além de tudo, tem os boletos para pagar. É uma cadeia que tem que sustentar”, disse. “Chega a faltar ar em alguns momentos. Como representantes do setor, temos que fazer papel de psicólogos. Gera uma revolta muito grande, porque nós estamos trabalhando direitinho, com todos os protocolos, fazendo todo o esforço possível e imaginável para manter nosso ambiente seguro”.

A entidade afirma que ainda não recebeu respostas dos governos municipal e estadual sobre os pedidos. Com a medida, a Abrasel tenta buscar diálogo.

“A gente está esperando para conseguir marcar uma hora para conversar e chegar a um consenso. Ainda não tivemos nenhuma resposta”, justificou.

Foto: Luciano Lanes / PMPA

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