| Redação RDC TV |
O setor dos contabilistas sofreu impacto das medidas restritivas da pandemia, embora a atividade tenha sido garantida nos decretos desde o início. Com as empresas fechando, o trabalho de contabilidade foi necessário para resolver “um emaranhado de situações”, como afirma o presidente do Sindicato dos Contabilistas de Porto Alegre, Dilceu Birck.
Nesse sentido, os escritórios conseguiram manter suas atividades, ainda que reduzidas pela metade. Por outro lado, os profissionais de contabilidade que atuavam de maneira autônoma ficaram prejudicados, já que a maioria trabalhava, principalmente, com clientes que são pequenos e médios empreendedores (empresas que tiveram a maior incidência de falência ou fechamento).
O presidente diz que muitos escritórios de contabilidade pararam as suas atividades ou tiveram que readequar o trabalho de casa. “Estamos trabalhando mais, com menos gente”, afirma. Birck acredita que as medidas de cuidado com a Covid-19 devem existir, mas que, ao mesmo tempo, nem todas as restrições funcionam.
“Grande parte dos contabilistas é profissional liberal e acabou sendo mais prejudicado do que os escritórios, porque os próprios autônomos atendiam pequenos comércios e pequenas lojas. O que acontece é que esse pequeno empresário que ainda está sobrevivendo vende hoje para comprar mais produto amanhã e, assim, não tem fluxo de caixa para investir em outros serviços, como o nosso”, afirma.
Na opinião do presidente do sindicato, o que dificultou o trabalho dos contabilistas e de outros setores foi o fechamento repentino das atividades logo no início da pandemia. Ele diz que, em março, a situação da saúde ainda não estava tão alarmante e, por isso, algumas empresas poderiam ter continuado atuando. Em sua opinião, estender a atividade por mais tempo na pandemia evitaria uma situação tão crítica como a que está ocorrendo neste momento.
“Hoje as pessoas não aguentam mais ficarem [com as empresas] fechadas. Os casos de Covid-19 continuam aumentando, mesmo com o fechamento das atividades. A população se pergunta se os decretos estão, realmente, surtindo algum efeito”, completa.
Em visão a longo prazo, Birck diz não saber como ficará a situação das empresas quando houver retomada já que, até lá, muitas estarão com dívidas altas que podem não conseguir quitar.
Além disso, caso o Governo Federal não tome uma providência, no mês que vem muitas pessoas deixarão de receber o auxílio emergencial e podem não conseguir pagar nem as dívidas básicas. “De alguma forma vamos ter que voltar, não podemos ficar com tudo fechado”, finaliza.