| Carlos Eduardo Netto |
Depois do depoimento de Luiz Henrique Mandetta na terça-feira, foi a vez de Nelson Teich, ex-ministro da saúde depor no Senado pela CPI da Pandemia, que investiga a administração da crise sanitária pelo governo federal. Teich, que é oncologista, comandou o ministério por 29 dias.
Teich revelou que o que motivou seu pedido de demissão foi a falta de autonomia a partir defesa da expansão do uso de cloroquina por parte do presidente Jair Bolsonaro. “Percebi ao longo daquele período que eu não teria a autonomia necessária”, disse.
Acompanhe alguns pontos do depoimento:
Não houve discussão sobre compra de vacinas
Nelson Teich diz que em sua gestão as conversas com laboratórios foram apenas para o plano de implementação de estudos clínicos. Nada foi discutido sobre a compra de vacinas e também não havia termos para a responsabilidade civil de efeito adversos às doses exigido pelos laboratórios.
Filhos do Presidente
Nelson Teich diz que não lembra de ter tido reuniões com Bolsonaro na presença dos filhos do presidente. “Se estavam presentes não lembro, mas nunca discuti ou conversei com eles”, afirma.
Na terça-feira, Mandetta disse que esteve em reunião ministerial em que Carlos Bolsonaro tomava notas.
Campanhas de comunicação
Nelson Teich diz que seu pensamento era intensificar campanhas de comunicação sobre normas sanitárias. Perguntado se foi demovido da ideia, Teich negou e disse que a ideia não foi implementada por falta de tempo.
Uso de cloroquina
Teich se colocou contra o pensamento de Bolsonaro em encorajar a administração de cloroquina em pacientes com Covid-19. “É uma conduta que para mim, tecnicamente, era inadequada. Isso é para qualquer medicamento. Existe uma metodologia para você incorporar um medicamento”.
Distanciamento social
O ex-ministro revelou seu apoio ao distanciamento social e a tentativa de implementar um plano no Ministério da saúde. A ideia, no entanto, era contra a visão do Presidente.
“Esse plano fazia parte de um programa de controlar a transmissão. Quando a gente olha os países que tiveram sucesso, eles controlaram a transmissão. Esse projeto foi feito justamente para que a gente começasse uma discussão sobre estratégias de distanciamentos. Era um programa para gente começar a entender melhor”, afirmou.
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