Caroline Musskopf e Moisés Machado
“Os líderes arriscam vidas minimizando o coronavírus. Bolsonaro é o pior”, este é o título do editorial do The Washington Post. O jornal americano colocou o presidente Jair Bolsonaro como pior que o presidente da Bielo-Rússia, Alexander Lukashenko, que recomendou sauna e vodca para combater o Covid19 e o ditador da Nicarágua, Daniel Ortega, que não é visto e nem ouvido em público há um mês. Afinal, melhor desaparecer, que aparecer para atrapalhar.
“De longe, o caso mais grave de improbidade é o do presidente brasileiro Jair Bolsonaro. Quando as infecções começaram a se espalhar em um país de mais de mais de 200 milhões de pessoas, o populista de direita citou como sendo o coronavírus “um pouco de gripe” e instou brasileiros a “enfrentar o vírus como um homem, p****, não um menino”. Pior, o presidente tentou repetidamente minar as medidas tomadas pelos 27 governadores estaduais do país para conter o surto”, destacou o jornal.
No fim, o conselho editoral do “Post” sugere que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aconselhe Bolsonaro. “Enquanto os EUA pouco têm sido um líder mundial em parar o vírus, o país obteve melhor performance desde que o presidente Trump deixou de lado sua retórica no mês passado e passou a apoiar os esforços de contenção recomendados por profissionais de saúde”, afirma o texto.
Desde que a crise causada pelo novo coronavírus foi instaurada no país, foram várias as situações provocadas por Bolsonaro que o levaram a ser visto como o pior líder mundial de um país que combate a pandemia. O presidente emitiu decreto retirando dos estados o poder de restrição de movimento, tentou liberar igrejas para realização de cultos, também idealizou a campanha publicitária “O Brasil não pode parar”, todas ações barradas pela justiça.
Em rede nacional, Bolsonaro criticou o fechamento de escolas e comércio e comparou coronavírus a ‘resfriadinho’, fato também destacado pelo jornal americano. O chefe de Estado brasileiro teve vídeos excluídos das três principais redes sociais Twitter, Facebook e Instagram por ‘causar danos reais às pessoas’. Ainda debochou de sintoma das vítimas do covid-19 e diz que vírus é igual chuva: “pode molhar ou afogar”. Em live com religiosos, indo na contramão de especialistas e, de seu próprio Ministro da Saúde, diz que o vírus está indo embora.
Recentemente uma pesquisa mostrou que 76% dos brasileiros aprovam as ações do Ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, contra apenas 33% que aprovam a forma com que Bolsonaro tem administrado a pandemia. Como prêmio por brilhar mais que o presidente, Mandetta deve ser demitido, ainda essa semana.
No Brasil, diversos veículos de comunicação também já se posicionaram com relação ao perigo à saúde pública representado pelo Presidente da República. O UOL, em texto assinado por Reinaldo Azevedo, afirma em fevereiro deste ano: “É preciso pôr um limite a Bolsonaro. Em nome das instituições”. O Grupo Bandeirantes de Comunicação, também em editorial, não poupou o deputado federal e filho do presidente Eduardo Bolsonaro, em sua atuação em redes sociais contra a China. Mais recentemente, no dia 26 de março, a Folha de São Paulo publicou o texto chamado “Presidente, retire-se!”, o qual foi respondido com sarcasmo pelo chefe de Estado em rede social.
O editorial do The Washington Post não foi a primeira vez em que um veículo de comunicação do exterior crítica a postura de Bolsonaro. Ele já havia sido criticado em outro editorial, do britânico The Guardian, em 31 de março. O jornal disse que o presidente brasileiro representa “um perigo para os brasileiros“.
Confira abaixo outras manchetes pelo mundo
- The Guardian
“Jair Bolsonaro diz que crise de coronavírus é um truque da mídia” - The Economist
“Presidente do Brasil “toca violino” enquanto a pandemia cresce” - Wall Street Journal
‘Volte ao trabalho’: Bolsonaro descarta riscos mortais do coronavírus no Brasil - Forbes
“Em Coronavírus versus Brasil, Bolsonaro fica quase sozinho” - BBC
“Enquanto o mundo tenta desesperadamente combater a pandemia de coronavírus, o presidente do Brasil está fazendo o possível para desacreditá-la“ - New York Times
“O presidente Jair Bolsonaro, que chamou o vírus de “uma gripezinha”, é o único “grande” líder mundial que continua questionando os méritos das medidas de bloqueio para combater a pandemia. - Washington Post
“Bolsonaro é o líder negacionista mundial do coronavirus“ - El País
“A atitude imprudente e irresponsável do líder do maior país da América do Sul ameaça causar inúmeras mortes“ - Business Insider
“O presidente Bolsonaro sugeriu que seu povo é naturalmente imune ao coronavírus, alegando que eles podem nadar no esgoto e ‘nada acontece’” - The Japan Times
“Jair Bolsonaro isolado e enfraquecido pela negação de coronavírus“ - The Wire
“Bolsonaro está usando uma crise de saúde pública para ampliar divisões no Brasil” - The Time of India
“Presidente do Brasil tira selfies e aplaude manifestantes apesar de riscos da pandemia“ - The Chicago Tribune
“O presidente Jair Bolsonaro do Brasil promoveu repetidamente tratamentos não comprovados de coronavírus e sugeriu que o vírus é menos perigoso do que dizem os especialistas.” - The Independent
“Coronavírus: Bolsonaro alega que a mídia ‘engana’ os brasileiros em meio ao agravamento da pandemia” - The Asahi Shimbun
“Pelo menos um líder mundial seguiu as alegações de Trump de promover o uso das drogas. O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, elogiou repetidamente os benefícios da hidroxicloroquina e da azitromicina”. - Al Jazeera English
“COVID-19: Bolsonaro está colocando ‘vidas em perigo‘” - The Sydney Morning Herald
“Bolsonaro joga com a vida e a morte em meio a pandemia” - Daily Herald
“Facebook se une resistência contra as alegações de Bolsonaro sobre o vírus“ - Jacobin Magazine
“Numa pandemia, Bolsonaro é mais perigoso do que nunca“ - Time
“O presidente do Brasil ainda insiste que o coronavírus é um exagero. Governadores revidam“