| Alice Ros |
Com o cancelamento dos desfiles de Carnaval deste ano, decorrente da pandemia de Covid-19, as escolas de samba de Porto Alegre e da Região Metropolitana projetam recuperar o ano perdido em 2022.
A suspensão das festas implica na queda de renda para profissionais da área, comerciantes locais e famílias que residem no entorno do Complexo Cultural do Porto Seco, na capital.
Segundo o presidente da União das Escolas de Samba de Porto Alegre e Região Metropolitana (Uespa), Rodrigo Costa, a preparação das alegorias para o Carnaval de 2022 deve começar ainda em fevereiro. A entidade representa as escolas Acadêmicos de Gravataí, Bambas da Orgia, Comanches, Copacabana, Filhos de Maria, Imperadores do Samba, Imperatriz Dona Leopoldina, Império do Sol e Unidos de Vila Isabel,
“A gente já tinha noção de que seria inviável fazer o Carnaval de 2021. No momento em que a gente chegou no mês de junho, julho [de 2020] e a pandemia só crescia, a gente entendeu que seria bem inviável. A partir de agora, dada essa semana, a gente já começa a organizar o desfile de 2022 com a certeza de haver o evento, porque a gente entende que até lá vai ter tempo de vacinar toda a população”, explicou Costa, em entrevista ao Portal RDC (17).
O presidente da Uespa disse que as escolas de samba já dialogaram com a prefeitura de Porto Alegre para garantir que o evento aconteça no próximo ano. Para Costa, a parceria se mostrou bastante positiva, visto que em 2018 não houve acordo com o poder público para viabilizar a edição.
“Estamos tentando cuidar para poder trabalhar em 2022, para não ter nenhum risco. O Carnaval é uma festa que não pode parar. É um segmento que trata diretamente da cultura popular. A gente leva isso para a população mais pobre, e até mesmo para a classe média. A gente leva cultura”, destacou Costa.
Em relação aos gastos e prejuízos para a comunidade com o cancelamento da edição de 2021, o presidente ressaltou o papel do evento como fomento para a economia.
“É uma questão muito delicada, porque a gente construiu, em torno do evento Carnaval, uma cadeia produtiva. Ela é fomentada, além do poder público, por segmentos da iniciativa privada. Agora, a gente acaba ficando sem isso. Isso significa que a gente já deixou de movimentar o comércio no Porto Seco, renda para famílias do entorno e profissionais do Carnaval. Muitas famílias do entorno do Porto Seco dependem desse período”, justifica.
Ainda como efeito do cancelamento deste ano, Costa assume que alguns profissionais podem não retornar ao Carnaval de 2022.
“É possível que no próximo Carnaval tenhamos que segurar muito. Alguns desses trabalhadores podem não voltar, por ter ido buscar outra fonte de renda. Estamos em fevereiro, mas pode ter certeza que em março, abril, maio, a maioria das escolas de samba já têm seu samba enredo pronto”.
O presidente também frisou que as ações para promover o Carnaval começam em torno de um ano antes, com a busca de patrocinadores, verba, materiais e demais detalhes.
A entrevista completa está disponível no Facebook da RDC TV.