Eles estão de volta! A terceira aventura do grupo de desajustados chegou e junto com ela a essência dos filmes da Marvel que marcaram o gênero na última década.
Quando o primeiro filme foi lançado, lá em 2014, ninguém imaginava que personagens tão desconhecidos e do mais baixo escalão da editora pudessem ganhar tamanho protagonismo. Hoje, quase uma década depois, presenciamos o fechamento de um ciclo de forma muito satisfatória, logo em uma fase de contestações ao estúdio que estava entregando filmes inferiores ao que estávamos acostumados nas fases anteriores; outra teoria era o desgaste do gênero, que não conseguia se reinventar, e podemos dizer que ainda segue buscando essa reinventação. Eis que chega Guardiões da Galáxia 3 e retoma a mesma identidade sem precisar fazer grandes mudanças, pelo contrário, ele apenas recupera a essência que fez do grupo, um dos mais queridos do cinema.
Assim como os próprios Guardiões, James Gunn também encerra aqui seu ciclo na Marvel. No longa, o diretor consegue resgatar aquele humor característico, apostando na boa dinâmica entre os personagens e dando um toque extra de drama, que já tinha nos anteriores, mas aqui elevado ao máximo por se tratar de um fechamento de ciclo. A trama é extremamente simples, e o diferencial é o foco em Rocket, o guaxinim que tem seu passado explorado, ajudando a contextualizar seus traços de personalidade que acompanhamos durante a sua jornada; ele aqui é o eixo central da narrativa, que justifica a união do grupo mais uma vez.
Para salvar Rocket, o restante do grupo parte em uma missão pela galáxia; além de render ótimas cenas de ação, embaladas por uma trilha sonora magistral com hits dos anos 80, 90 e 2000, a aventura reaproxima Peter Quill (Chris Pratt) e Gamora (Zoe Saldana), que segue sem memória, o que desencadeia momentos muito divertidos entre os dois e com todo o grupo composto por Drax, Mantis, Nebulosa e Groot.
Inclusive, essa relação entre os personagens é o ponto mais alto do filme, todos são relevantes, têm suas personalidades respeitadas e juntos conseguem tirar boas risadas do público; o timming cômico aqui é muito bom, as piadas (quase) sempre funcionam e ajudam a construir um filme leve, seguido por um roteiro bem costurado pela trama simples que dá espaço para estabelecer relações, apresentar novos personagens e corajoso o suficiente para encerrar ciclos. Tem um vilão promissor mas que acaba ficando subaproveitado, sendo uma ameaça genérica no fim das contas, por mais que tenha um passado bem trabalhado durante o longa.
A pegada cômica não impede o filme de adentrar ao horror em muitos momentos, com cenas tensas que dimensionam o tamanho da ameaça que o grupo está enfrentando. A mudança de tom é bem feita na maioria da vezes, indo de uma cena tensa, para um alívio cômico sem prejudicar o ritmo e nem o contexto das cenas.
A fotografia consegue transparecer bem o tom do filme, indo para tons mais vivos em momentos mais alegres e escuros em momentos dramáticos. As lutas são bem coreografadas e o designer de produção segue o padrão de qualidade dos antecessores.
Guardiões da Galáxia 3 é um filme com coração, respeita a jornada dos personagens, diverte e emociona. Um prato cheio para quem já é fã e um convite especial para quem quer começar ou dar mais uma chance para o universo Marvel. Sem dúvidas um fechamento de ciclo muito bem sucedido e uma carta de amor aos fãs e aos amantes do cinema de super-heróis.
Nota: ⭐⭐⭐⭐ 4,3/5