Separatistas apoiados pela Rússia no leste da Ucrânia disseram nesta sexta-feira (18) que planejam evacuar os moradores de sua região separatista para a Rússia, uma reviravolta impressionante em um conflito que o Ocidente acredita que Moscou poderia usar para justificar uma invasão da Ucrânia.
Ao anunciar a mudança nas redes sociais, Denis Pushilin, chefe da autoproclamada República Popular de Donetsk, disse que a Rússia concordou em fornecer acomodação para aqueles que partirem. Mulheres, crianças e idosos devem ser evacuados primeiro.
Não houve comentários imediatos de autoridades russas ou de Kiev. Acredita-se que milhões de civis vivam nas duas regiões controladas pelos rebeldes no leste da Ucrânia; a maioria é falante de russo e muitos já receberam a cidadania russa.
A zona de conflito do leste da Ucrânia viu o mais intenso bombardeio de artilharia em anos na sexta-feira, com o governo de Kiev e os separatistas trocando culpas. Países ocidentais disseram acreditar que o bombardeio, que começou na quinta-feira e se intensificou em seu segundo dia, é parte de um pretexto para invadir.
Os Estados Unidos disseram que a Rússia – que diz ter começado a retirar tropas perto da Ucrânia nesta semana – fez o oposto: aumentou a força que ameaça seu vizinho para entre 169.000 e 190.000 soldados, de 100.000 no final de janeiro.
“Esta é a mobilização militar mais significativa na Europa desde a Segunda Guerra Mundial”, disse o embaixador dos EUA, Michael Carpenter, em uma reunião na Organização para Segurança e Cooperação na Europa, com sede em Viena.
Uma fonte diplomática com anos de experiência direta no conflito descreveu o bombardeio no leste da Ucrânia como o mais intenso desde que os grandes combates terminaram com um cessar-fogo em 2015.
‘ESTÃO ATIRANDO’
Cerca de 600 explosões foram registradas na manhã de sexta-feira, 100 a mais do que na quinta-feira, algumas envolvendo artilharia de 152 mm e 122 mm e morteiros de grande porte, disse a fonte. Pelo menos quatro tiros foram disparados de tanques.
“Eles estão atirando – tudo e todos”, disse a fonte. “Não há nada assim desde 2014-15.”
Outras autoridades contestaram essa caracterização, observando que houve períodos de combates mortais durante o cessar-fogo e que não houve relatos até agora de mortes na linha de frente nesta semana.
A Rússia nega as acusações ocidentais de que está planejando uma invasão total da Ucrânia, um país de mais de 40 milhões de pessoas, no que seria potencialmente a maior guerra da Europa em gerações.
Os países ocidentais disseram esta semana que as tropas russas estão fazendo o tipo de preparação normalmente vista nos últimos dias antes de um ataque, que pode ocorrer em poucos dias.
Moscou, por sua vez, disse que está observando de perto a escalada de bombardeios no leste da Ucrânia, onde as tropas do governo enfrentam rebeldes apoiados por Moscou desde 2014. Ele descreveu a situação como potencialmente muito perigosa.
Fonte: Reuters