Os primeiros motoristas chegaram às 5 horas da manhã nesta segunda. O ponto de encontro foi o Largo da Epatur, no bairro Cidade Baixa em Porto Alegre. Enquanto se concentravam, motoristas escreviam em seus carros palavras de apelo. Alguns diziam “menos mortes”, outros “luto”, mas todos pediam por “segurança”. Quem passava pela Epatur via uma grande movimentação de pessoas e carros buzinando.

O protesto de 24 horas, teve início no primeiro minuto de segunda-feira e se estende até às 23h59. Segundo a organização do evento, cerca de 500 motoristas saíram em carreata pela cidade, mas nem todos os apoiadores estavam presentes, alguns optaram por, apenas, não trabalhar.

Dispersão ocorreu por voltas das 14 horas no estacionamento do Estádio do Beira Rio

“Nós nos organizamos pelos grupos que temos de motoristas e alguns só não vieram, até porque seria muito carro e isso ia prejudicar o trânsito”, informou Joe Moraes, presidente da Associação Liga dos Motoristas de Aplicativos (Alma). Mas explica que apenas dessa organização, teve motoristas que optaram por trabalhar, aumentando as taxas para usuários de aplicativos durante o dia.

A manifestação

A carreata saiu às 8h30, seguiu em direção às ruas Loureiro da Silva, Túnel da Conceição, Castelo Branco, Sertório até rótula da Movida onde retornaram em destino à Dona Margarida. Passaram pela 3ª Perimetral, onde foram até a Ipiranga, depois pela Borges de Medeiros até chegar ao estacionamento do estádio Beira Rio. Ao longo do trajeto foram feitas algumas paradas. Apesar da movimentação não houve grandes congestionamentos por onde protesto passou.

Ao meio dia, o estacionamento estava lotado e os manifestantes aguardavam as próximas instruções. Às 13h começou a assembleia, as informações eram: seguir em passeata pela Padre Cacique até o escrito da Uber que fica cerca 500 metros do local de concentração.

Bonecos tapados por lençóis brancos simulavam vítimas

Durante a passeata, em duplas os motoristas carregavam bonecos que simulavam os colegas que foram vítimas da violência enquanto trabalhavam.

Táticas de segurança

A motorista Nathalia Bulcão já esteve em zonas consideradas de risco, pelos aplicativos, em Porto Alegre. Devido ao medo e a experiência de outros colegas, hoje ela evita algumas chamadas.

“A única segurança que a gente tem são os grupos de Whatsapp”, desabafa.

Assim como Nathalia, o motorista Dionatan Ximendes também participa de grupos onde os colegas compartilham suas viagens quando suspeitam de algo. Quando algum condutor demora para responder ou não respondem, os colegas já acionam a polícia para verificar o que aconteceu.

“Nós compartilhamos a localização durante 8 horas durante o horário de trabalho e quando desconfiamos de alguma situação perigosa, gente manda mensagem no grupo. Assim que a gente larga o passageiro, já avisa que está tudo bem”, conta Dionatam.

Motoristas se queixavam da falta de união dos colegas que não aderiram a paralisação

 

Pedido às empresas de aplicativo

Ao chegar em frente ao prédio administrativo da Uber, os manifestantes fizeram uma oração e riscaram com tinta spray marcas de corpos no meio da rua, em memória aos colegas que morreram a empresa não recebeu os manifestantes.

Os motoristas pedem melhorias no cadastro dos passageiros, com informações mais precisas das pessoas que usam o aplicativo. “Nós queremos que as plataformas se adaptem às nossas necessidades e priorizem a nossa segurança”, apela o presidente da Alma Joe Moraes. Ele ainda espera que na próxima reunião junto com autoridades as empresas de aplicativo se comprometam a fazer melhorias para a segurança dos motoristas.

Na terça-feira (15), os motoristas se reúnem com o Ministério Público, Polícia Civil, Brigada Militar e prefeitura de Porto Alegre para discutir propostas para melhorar a segurança de quem trabalha com o aplicativo.

 

Fotos: Shalynski Zechlinski/RDCTV

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