| Lívia Rossa |
Promover a transformação social por meio da música. Esse é um dos objetivos da Orquestra Villa-Lobos, que há 28 anos canta e encanta por todo o Rio Grande do Sul, mas que, em virtude da pandemia da Covid-19, passa por dificuldades após a Prefeitura de Porto Alegre não renovar o convênio de repasse de recursos financeiros.
A alternativa encontrada foi promover uma campanha nomeada “Bloco na Rua”, cujo objetivo é buscar financiamento coletivo por meio da plataforma virtual Catarse. O título é uma referência não só à música do cantor e compositor Sérgio Sampaio tocada pelos músicos, mas também exprime o desejo do projeto de voltar às suas atividades o mais rápido possível.
Por conta das dificuldades financeiras, os 20 professores contratados da orquestra já foram demitidos. O grupo pretende alcançar duas metas em dinheiro, a primeira de R$55 mil para conseguir se manter durante um mês e, a segunda, de R$100 mil para sustentar a banda por três meses. Até esta segunda-feira a arrecadação já atingiu 23% do valor estipulado para o primeiro objetivo.
De acordo com a maestrina da Orquestra Villa-Lobos Cecília Silveira a justificativa da prefeitura para o corte de verba é que não existe estabilidade jurídica no momento em função do surgimento do novo coronavírus. Assim, o contrato vigente há mais de dez anos não pode ser renovado.
A Secretaria Municipal de Educação (SMED) confirma ter suspendido em abril os termos de parceria com entidades sociais e diz que “o contraturno na rede ensino [caso da Orquestra Villa-Lobos] deverá ser iniciado após a retomada das atividades presenciais nas escolas”. Não há data prevista para assinatura de contrato.
Como em outras instituições, as atividades na Escola Municipal de Ensino Fundamental Heitor Villa-Lobos, berço da Orquestra, foram paralisadas. Consequentemente, 600 atendimentos como aulas e oficinas de música foram suspensos em cinco locais da região da Lomba do Pinheiro, antes mantidas por convênio entre a Prefeitura de Porto Alegre e o Centro de Promoção da Criança e do Adolescente São Francisco de Assis.
A regente, contudo, diz que se sente na obrigação de ir atrás de alternativas para que, no mínimo, a orquestra seja mantida pelos próximos meses e espera que os professores possam ser recontratados.
De acordo com Cecília, o projeto tem um impacto social muito grande na comunidade onde está inserido. Atualmente, o grupo é formado por 45 músicos, com idades entre 12 e 25 anos, que tocam flauta doce, violino, viola, violoncelo, violão, percussão, piano, teclado, contrabaixo elétrico e cavaquinho.
“A orquestra é mais do que um projeto musical, é uma aspiração de vida para muitas pessoas. Costumo dizer que três pilares regem nosso projeto, a educação, as artes e o pilar social”, completa a maestrina. Não é para menos, já que dos 20 professores que davam aulas na instituição, 14 eram ex-alunos do projeto.
A presença no meio artístico também é um aspecto muito importante na vida da Orquestra Villa-Lobos, possuindo um núcleo artístico grande com uma agenda cheia. Por ser um projeto que envolve bastantes parcerias, quem contribuir com a arrecadação pode receber recompensas como livro de poemas, cds e até aulas online. O prêmio varia de acordo com o valor doado.
Contribua através do site: https://www.catarse.me/bloco_
Foto: Claudio Etges/Orquestra Villa Lobos/Divulgação/RDCTV