| Lívia Rossa |

Uma pesquisa realizada pelo hemocentro de Caxias do Sul está recrutando doadores de plasma de pessoas que já tenham sido contaminados pelo novo coronavírus a fim de tratar pacientes graves da doença.

Um total de 14 voluntários já disponibilizou o material proveniente do próprio sangue e mais 16 aguardam na fila de espera para ajudar no estudo. A iniciativa é mais uma tentativa de achar um tratamento para a Covid-19 no Rio Grande do Sul.

Segundo o enfermeiro do hemocentro de Caxias do Sul, Marco Venicio Carvalho, os doadores de plasma precisam ser homens, com idades entre 18 e 60 anos. Até o momento, 14 doadores já contribuíram para a pesquisa, doando, cada um, 600 ml de plasma.

Mulheres não entram no estudo porque apresentam risco associado à transfusão de sangue já que, caso já tenham passado por gestação, podem causar danos maiores no doente por “desenvolverem proteína que provoque risco nos receptores do doente”, afirma o enfermeiro. No entanto, caso se voluntariem, terão seus nomes guardados em cadastro, caso a pesquisa amplie o gênero futuramente.

De acordo com Carvalho, a primeira etapa é uma entrevista com o possível doador e uma coleta de exame de sangue para verificar se há presença de HIV, doença de chagas ou hepatite.

Também há um teste para constatar se ainda existe IGG circulante no organismo do doador. Após essa testagem, o doador pode ser chamado ou não e, caso seja solicitado, deve fazer um novo exame com outro testador do laboratório.

O médico Urologista Márcio Araldi testou positivo para Covid-19 e, após sua recuperação, decidiu doar o plasma para o estudo. Foi em uma consulta com o pneumologista à frente do seu próprio tratamento que a ideia surgiu, além de ter ouvido a informação de busca por voluntários no rádio.

“Eu estava indo de Porto Alegre para Caxias do Sul quando decidi ligar para o hemocentro e doar o plasma”, afirma. Ele acredita ser relevante o fato de que é um profissional da saúde, na linha de frente, que se dispor a ajudar numa pesquisa, transmitindo, em sua opinião, credibilidade ao estudo.

Embora seja o primeiro estudo do qual o médico participa, a possibilidade de conseguir ajudar “um paciente e meio” com a doação é animadora e motiva na contribuição à pesquisa. “O grande objetivo disso é que a gente possa ter um número maior de doações. O procedimento [retirada de plasma] não prejudica a pessoa que está doando, nenhum dos doadores até o momento teve efeitos colaterais severos”, afirma o médico.

O médico explica que o processo da retirada de plasma é diferente de uma doação de sangue normal, já que a parte retirada do sangue precisa ficar armazenada por um tempo antes de checada a compatibilidade com o doente que irá receber a doação.

“O sangue sai do organismo, vai para uma máquina, o plasma é retirado e o sangue volta para o corpo”, explica. Da maneira como é realizado, é possível extrair mais quantidade de plasma do que em uma doação comum.

Araldi enxerga o fundamento da pesquisa como “extremamente embasado” e tem esperança que, se for cientificamente comprovado, o estudo pode contribuir para realizar um protocolo mais padronizado para o combate ao novo coronavírus.

Crédito foto: Unsplash/ Fusion Medical Animation / Divulgação / RDC TV

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