| Lívia Rossa |

Brilho, purpurina e cabelão deram espaço, por ora, para necessidades mais urgentes. É o que aconteceu com parte da população trans – transexuais e travestis – de Porto Alegre que, com o aparecimento da pandemia provocada pelo novo coronavírus, estão dependendo do apoio de entidades para garantir mantimentos básicos como comida e produtos de higiene.

Para suprir a demanda, a ONG Igualdade RS, já com seus 22 anos completos, uniu esforços com apoio privado e público e recolheu cestas básicas para doação. Desde março deste ano, a rotina de toda quarta-feira é a mesma: distribuição de suprimentos no Vila Flores, espaço cultural famoso da Capital. 

Em média, a cada encontro, cerca de 50 pessoas vindas de toda a capital e região metropolitana buscam o recurso. A organização ocorre mediante cadastro prévio e tem intervalo de 15 dias entre um recebimento e outro para a mesma pessoa, a fim de que todos sejam atendidos.

A organizadora e presidenta do Igualdade, Marcelly Malta, diz que no início da pandemia não havia como prever a gravidade para qual a situação iria se desenrolar. “A Igualdade [ONG] fechou sua sede no dia 15 de março e entramos em quarentena. O tempo foi passando e as pessoas me ligaram para dizer que estavam passando necessidade. Iniciamos com doações para em torno de 12 pessoas e, mas agora chegamos a atender, em média, 40 pessoas por semana”, completa Marcelly.

Dados da própria ONG informam que aproximadamente 13 toneladas de alimentos já foram dadas às transexuais e travestis necessitadas. As cestas são organizadas de forma que garantam alimentos e produtos de limpeza, mas, em meio ao inverno, também são distribuídas, esporadicamente, algumas roupas.

Marcelly diz que no início da pandemia as pessoas estavam mais dispostas a ajudar com as doações, porém, com o passar dos meses, a solidariedade foi perdendo força. A população trans, no entanto, ainda precisa de ajuda constante, já que entra na parcela das pessoas desempregadas com a pandemia.

A questão é que o preconceito dificulta ainda mais o ingresso no mercado de trabalho. 

Marcelly diz que a escolha do local foi uma concessão que não têm relação com a região. Isso porque o Vila Flores fica próximo da avenida Farrapos, ponto onde grande parte da população trans realiza trabalhos sexuais.

Em matéria dada pela RDC TV sobre a população trans, abordamos que trabalhar como profissional do sexo nem sempre representa uma escolha, mas uma necessidade decorrente do preconceito social (inserir link) já que grande parte da população trans – tantos mulheres, quanto homens trans – é expulsa de casa aos 13 anos. 

Com recursos limitados e falta de amparo, somado ao preconceito que não emprega a população trans e discrimina pelas diferenças, os caminhos tornam-se ainda mais difíceis.

Crédito foto: Lívia Rossa / RDC TV

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