| Alice Ros |

O novo presidente da Companhia Carris Porto-Alegrense (Carris), Maurício Cunha, tomou posse na última sexta-feira (29) sob o compromisso de inspecionar e rever os serviços prestados pela companhia.

Segundo Cunha, a empresa enfrenta uma crise acentuada, que não atende aos parâmetros atuais de mobilidade urbana da capital. 

“É um quadro de crise bem acentuado, tanto na Carris quanto no próprio sistema de transporte”, argumentou. Em entrevista ao Portal RDC (03), o presidente disse que a companhia deve promover um corte de gastos mais rígido, que engloba a racionalização de procedimentos internos da empresa para “diminuir o déficit o mais rápido possível”.

“O prefeito pondera, com razão, que o município não tem recursos. Valores tão expressivos como foram passados para a Carris em 2020 não estão disponíveis para 2021. Antes de tudo, devemos diminuir o déficit”, ressaltou Cunha.

No ano passado, a prefeitura de Porto Alegre injetou R$ 66 milhões na Carris. De acordo com informações da consultoria Valor & Foco, contratada pela administração municipal, ainda na gestão de Nelson Marchezan (PSDB), em 2020, o aporte pode chegar a R$ 300 milhões até 2029.

“A redução do déficit de 66 milhões em 2020 é uma obrigação da empresa. Não é uma obrigação só minha”, defendeu Cunha. “O corte de gastos dentro da empresa se dá desde as pequenas coisas até os contratos mais expressivos. Isso se chama controle. Controlar as operações, os recursos humanos. É um trabalho diário, em tudo”.

O diagnóstico também mostrou que a Carris tem custos 32% mais elevados do que as demais concessionárias do transporte de passageiros por ônibus. Os lucros da companhia correspondem a cerca de 22% da receita tarifária no transporte público da capital.  

Na tarde desta quarta-feira, o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), realizou uma nova reunião com o Judiciário, a Procuradoria Geral do Município (PGM) e a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) para repactuar o transporte público na capital. A mediação junto ao Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania de Porto Alegre (Cejusc) foi solicitada pela PGM para adequar a prestação do serviço de transporte, que opera pelo contrato de concessão firmado a partir de licitação realizada em 2015.

De acordo com Cunha, o contrato de concessão não considera outras formas de mobilidade, como aplicativos. Por este motivo, o documento não prevê estratégias para sanar a redução no número de passageiros do transporte coletivo. 

“Eu diria que não houve [adaptação]. Continua o mesmo sistema de demanda, com uma demanda reduzida”, justificou.

Foto: Divulgação/PMPA

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