O Ministério Público do Trabalho (MPT) atualizou para 82 o número de pessoas resgatadas em duas fazendas de arroz no interior de Uruguaiana na última sexta-feira (10). Entre eles, 11 são adolescentes com idades entre 14 e 17 anos. A informação inicial era de 56 trabalhadores em condições análogas à escravidão. De acordo com o MPT, com a nova totalização, este já é o segundo maior resgate do tipo na história gaúcha, ficando atrás, apenas, das 207 pessoas encontradas em Bento Gonçalves.
Apenas nestes primeiros meses de 2023, o estado já registrou o resgate de 291 trabalhadores, número próximo ao dobro da ano passado, quando o total de libertados chegou a 156.
O grupo foi localizado nas propriedades de Uruguaiana após uma denúncia informar a presença de jovens de maneira irregular no trabalho. Eles faziam o corte do arroz vermelho, gramínea daninha que prolifera junto ao arroz cultivado e provoca perdas à lavoura. O manejo era feito sem os equipamentos adequados e sem itens de proteção. Conforme os relatos, um dos menores sofreu um acidente com um facão e ficou sem movimentos de dois dedos do pé.
Os trabalhadores também atuavam na aplicação de veneno pelo método de “barra química”, em que duas pessoas aplicam o agrotóxico usando uma barra metálica perfurada conectada a latas do produto – um tipo de atividade que exige equipamentos individuais de proteção, que não eram fornecidos. Não havia acesso a água potável nem a refrigeração para a comida. Quem adoecesse sofreria desconto.
Número de trabalhadores resgatados na última década*
2023 – 290
2022 – 156
2021 – 76
2020 – 5
2019 – 2
2018 – 0
2017 – 6
2016 – 17
2015 – 32
2014 – 1
2013 – 44
* Dados da Gerencia Regional do Trabalho – Ministério do Trabalho e Emprego