Uma cena de violência em uma farmácia de Porto Alegre gerou revolta na internet neste fim de semana. Angie Miron estava no local e gravou o momento em que uma mulher negra foi agredida por seguranças de uma loja da rede de farmácias São João, na zona leste de Porto Alegra. Ela conversou com a reportagem e revelou que fazia compras no estabelecimento quando viu duas atendentes acusando os jovens de terem furtado preservativos.

Além de intervir em defesa dos adolescentes negros junto com outras pessoas que estavam local, ela gravou o momento em que o segurança deu uma rasteira que resultou em uma fratura na perna de uma outra cliente da loja.

Nossa reportagem também conversou com o advogado criminalista Leandro Soares, que representa as famílias dos três adolescentes e também a Alessandra. De acordo com o advogado, os jovens estudam em uma escola perto da farmácia e foram até lá em busca de preservativos. “Eles não foram atendidos pelas atendentes, até que desistiram. Foram embora. Segundo o que me relataram, já haviam andado duas quadras, quando uma atendente mandou eles pararem”. Conforme o advogado, a funcionária ordenou que voltassem pois teriam furtado um preservativo. O trio afirmou que não havia cometido o crime e voltaria para provar.

De volta à farmácia, Angie conta que observou a situação. “Os seguranças revistaram eles, mas não encontraram nada. Mesmo assim, não deixaram os guris saírem. Foi então que eu intervi. A Alessandra (moça que aparece no vídeo sendo agredida) tinha entrado para se pesar e também interveio”, relata. Soares ainda conta que, mesmo sem encontrar nenhum produto do suposto furto, os representantes da farmácia registraram um ocorrência na Delegacia da Criança e do Adolescente.

Ainda conforme Soares, as famílias dos estudantes também foi ao DECA fazer um boletim de ocorrência, mas não conseguiu. ”Quando eles chegaram, foram informados que não seria possível porque a delegacia estava lotada e que deveriam voltar outro dia”. Já Alessandra fez um registro na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento do Palácio da Polícia. A RDC TV teve acesso ao registro realizado às 18h.

”Comparece para comunicar que entrou na Farmácia São João e ouviu uma mulher falando que o funcionário da farmácia, (não será identificado), estava mantendo três adolescentes, alegando que os mesmos teriam tentado furtar preservativos. Que se solidarizou com os menores e começou a discutir com o funcionário da farmácia, o qual ficou agressivo e puxou sua camisa, rasgando-a, que tentou se defender e atingiu a testa do agressor com seu aparelho de celular. Que o funcionário da farmácia lher jogou no chão e acabou causando um machucado em sua perna. Que o mesmo também agrediu a cliente, (nome náo será divulgado). Que possui como testemunha Angie Mirion, não possuindo o contato telefônico da mesma. Que se deslocou até o HPS, onde recebeu atendimento médico. Manifesta o desejo de representar criminalmente. Encaminha ao DML para realização de exame de corpo de delito”.

À reportagem da RDC TV, Soares adiantou ele e a sua colega Eduarda Garcia, também advogada e, como faz questão de citar: antirracista, acompanharão os clientes à Delegacia de Combate à Intolerância para fazer um novo registro. ”O que aconteceu foi um crime de racismo e, no caso da Alessandra, também foi um crime de gênero. Tenho certeza que o segurança só agiu assim com ela por ser uma mulher”. O advogado também informou que além das ações criminais, também serão buscadas reparações na esfera civil.

Nossa reportagem também buscou contato com a direção da farmácia, mas até o momento desta publicação não obteve retorno.

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