Pequenas diferenças

O discurso do presidente Jair Bolsonaro, ontem, não foi diferente do que leu no mesmo evento a 24 de setembro do ano passado. Agora, estava menos tenso e usou ritmo mais pausado. Como acréscimo, referiu a destinação de grandes recursos públicos à população necessitada desde o começo da pandemia. De resto, manteve o caráter fortemente ideológico, criticando o socialismo.

Mais um detalhe: em 2019, citou o combate aos  corruptos, lembrando que “foram julgados e punidos graças ao patriotismo, perseverança e coragem de um juiz que é símbolo do meu país, o Doutor Sérgio Moro, nosso atual Ministro da Justiça e Segurança Pública”.

Era.

Nada fora do figurino

O tom enfático de Bolsonaro despertou reações da oposição que abriu o dicionário, buscando as palavras mais fortes para atacar. É dever dos atingidos e fato normal na democracia.

Fratura exposta

Na abertura da 40ª Assembleia Geral da ONU, em 1985, o presidente José Sarney revelou a situação financeira desesperadora do governo: “O Brasil não pagará a dívida externa nem com recessão, nem com desemprego, nem com fome.” Disse ainda que “o país não desejaria fazer da dívida uma questão ideológica”. Pediu às nações industrializadas “uma negociação política em nome da América Latina”.

Foi ao desespero

Sarney continuou no discurso:

“Nosso povo chegou ao limite do suportável. Ou conscientizamo-nos de que a solução da dívida é uma tarefa conjunta de credores e devedores ou arriscamo-nos a atear fogo no barril de pólvora que ameaça o Continente.”

Balanço

O tempo mostrou que os credores não se sensibilizaram com as súplicas. A dívida continuou sendo paga como exigiam os contratos. Muito menos surgiu o risco de fogo no barril de pólvora.

O que atrapalhou

Não foi a primeira vez que um projeto de reforma tributária, enviado pelo Executivo, enfrentou dificuldades na Assembleia Legislativa. Recuo  determinado pelo temor da aprovação de mudanças de alíquotas às vésperas das eleições. Os deputados estaduais teriam de abdicar das campanhas para explicar à população.

Consulta necessária

Novo projeto de reforma tributária precisa partir de uma pergunta: os deputados se dispõem a mexer na coluna de despesas? Se a resposta for negativa, nada mudará.

Cálculo aritmético

Os seminários, encontros, fóruns e seminários são infindáveis nos legislativos. A maioria esquece a tarefa de fiscalizar. Poderiam dedicar um tempo para avaliar, desde os menores municípios até o governo federal, cortes de despesas, incluindo viagens e tantos outros penduricalhos que elevam rubricas dos orçamentos. Falta coragem.

A soma de todos os gastos causaria misto de susto e indignação.

Pouco viável

A Comissão de Economia, Desenvolvimento Sustentável e do Turismo da Assembleia Legislativa realizou, segunda-feira à tarde, audiência pública para debater projeto de instalação de um porto marítimo no município de Arroio do Sal, litoral norte do Estado. A equipe de planejamento espera que as obras sejam financiadas por grupos estrangeiros. Quando visitarem a região e constatarem a característica de mar violento, pensarão duas vezes. Tomara que não estendam a viagem a Santa Catarina, onde parte do litoral mais parece piscina.

Voto a voto

Florianópolis repetirá, este ano, o cenário de 2016, quando Gean Loureiro venceu Ângela Amin por 1 mil e 153 votos no segundo turno.

Gean se elegeu pelo MDB e hoje está no DEM. Ângela foi prefeita em dois mandatos, de 1997 a 2005, e se mantém no Progressistas desde a filiação, na década de 1980.

Questão de nome

Não é só o arroz que sobe. Os preços do feijão, óleo de cozinha, medicamentos e outros produtos acompanham. Quando economistas do governo atribuem o ressurgimento da inflação à lei da oferta e da procura, convém lembrar o jornalista Joelmir Beting que se referia à lei do enfarte e da loucura.

Sonho de consumo

Setores do PDT pretendem ter a empresária Luiza Trajano como vice de Ciro Gomes na corrida à Presidência da República. Em recente levantamento da revista Forbes, a dona do Magazine Luiza, com mais de 800 lojas, surge como a mulher mais rica do país. Talvez os trabalhistas queiram dar um colorido de centro-direita à chapa.

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