Deputados federais do PSOL e da Rede pediram a prisão preventiva do senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) após declarações com teor golpista no plenário. O PSOL preparou, nesta quinta-feira (8), um documento, que será enviado ao Conselho de Ética do Senado após o Carnaval, segundo o partido, pedindo a cassação do mandato do parlamentar.
Mourão, general da reserva do Exército que foi vice-presidente de Jair Bolsonaro (PL), falou no plenário e nas redes sociais sobre a operação da Polícia Federal (PF) que mirou aliados políticos e militares de Bolsonaro na quinta — declaração que motivou a representação do PSOL.
“A mera observação da precipitação dos acontecimentos, cada vez mais traumáticos, indica a possibilidade lamentável de um confronto de gravíssimas consequências”, disse Mourão.
“Uma devassa persecutória é o que estamos testemunhando, hoje, no Brasil. Não podemos nos omitir, nem as Forças Armadas, nem a Justiça Militar, sobre esse fenômeno de desmando desenfreado que persegue adversários e que pode acarretar instabilidade no País”, escreveu o senador em uma postagem.
No discurso na Casa Alta, o congressista havia afirmado que os militares não poderiam se “omitir”. Chamou os fardados para se mobilizarem “dentro da lei” contra a condução de “processos arbitrários de processos ilegais”.
Em nota emitida pela assessoria de Mourão nesta sexta-feira (9), ele diz que não incitou, e nem se referiu, a nenhum tipo de ruptura institucional ou golpe.
“A referência feita é relacionada a processos ilegais conduzidos em casos envolvendo militares da ativa e à necessidade de ação das Forças Armadas e da Justiça Militar, na instauração de inquéritos policiais militares para a condução de investigações, em caso de militares da ativa supostamente envolvidos em irregularidades, no exercício de cargos e funções de natureza militar”, declarou o senador.
Segundo o PSOL, Mourão incitou as Forças Armadas com as falas e quebrou o decoro parlamentar.
Além do pedido feito ao Conselho de Ética do Senado, deputados do PSOL solicitaram ao ministro Alexandre de Moraes que proíba o senador de “incentivar animosidade”. A Procuradoria-Geral da República (PGR) também foi acionada, com pedidos de investigação por estímulo a um golpe de Estado.
Ainda em nota, a assessoria de Mourão afirma que “Quaisquer alegações e insinuações relacionadas às palavras proferidas pelo senador Hamilton Mourão no discurso de quinta-feira (08/02) são totalmente descabidas e fazem parte do jogo político e das narrativas daqueles que tentam, a qualquer custo, difamar a oposição”.