Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Em uma sessão marcada por fortes tensões políticas, os membros da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CMPI) que investiga os eventos ocorridos no dia 8 de Janeiro rejeitaram, através de uma votação nominal, o requerimento para a convocação de Sandro Augusto Sales Queiroz, comandante do Batalhão de Pronto Emprego da Força Nacional de Segurança Pública durante o ataque às sedes dos Três Poderes. A decisão, que se deu por 14 votos a 10, gerou um embate acalorado entre parlamentares da base do governo e da oposição.

O presidente da CPMI, o deputado Arthur Maia (União-AL), insistiu na votação do requerimento apresentado pelo deputado Delegado Ramagem (PL-RJ), condicionando a aprovação da oitiva de Sandro Queiroz à votação de outros requerimentos para convocação dos ex-comandantes das Forças Armadas do governo Bolsonaro.

Por outro lado, a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) defendeu a convocação de Edson Gondim Silvestre, diretor-interino da Secretaria Nacional de Segurança Pública na data dos ataques ao Congresso Nacional, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal, como testemunha.

Contudo, deputados como Rogério Correia (PT-MG) e Jandira Feghali (PCdoB-RJ) contestaram a atitude de Arthur Maia de colocar em votação o requerimento de Ramagem sem um acordo prévio. Segundo parlamentares da base governista, Sandro Queiroz não estaria em ação no dia dos ataques e teria sido “pinçado” pela oposição devido às suas ligações políticas com Jair Bolsonaro, general Augusto Heleno e outros apoiadores do governo anterior.

O senador Eduardo Girão (Novo-CE) manifestou sua insatisfação com o encerramento da CPMI sem que o comandante da Força Nacional no dia 8 de janeiro fosse ouvido, questionando o que estaria sendo escondido do povo brasileiro.

O senador Esperidião Amin (PP-SC) também expressou seu descontentamento, afirmando que não convocar as testemunhas que estavam presentes nos eventos é uma “vergonha”. O senador Izalci Lucas (PSDB-DF) defendeu novamente a oitiva do ministro da Justiça, Flávio Dino.

Em relação aos próximos passos, parlamentares do governo e da oposição da CMPI do 8 de Janeiro se reunirão no gabinete da Liderança do PDT para firmar um acordo de procedimento para discussão e votação do relatório, programado para o dia 17 de outubro. Além disso, será debatida a vinda do subtenente Beroaldo José de Freitas Júnior, do Batalhão de Policiamento de Choque da Polícia Militar do Distrito Federal, agendada para a quinta-feira (5).

O deputado Rogério Correia questionou a substituição do depoimento do general Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil, pela oitiva do subtenente Beroaldo Júnior, alegando preocupação com a condução das investigações na reta final da CPMI. O presidente Arthur Maia respondeu que as pessoas estavam mais preocupadas com sua conveniência do que com a investigação.

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