| Mélani Ruppenthal |
Dando sequência ao andamento das privatizações no Rio Grande do Sul, a Assembleia Legislativa aprovou, em primeiro turno, o projeto que extingue a necessidade de plebiscito para as privatizações da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), do Banrisul e da Companhia de Processamento de Dados (Procergs). A votação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 280/19 aconteceu nesta terça-feira (27/04) e teve um placar de 34 votos favoráveis e 18 contrários.
O resultado ainda precisa ser apreciado pelos deputados em segundo turno. Segundo o governo, esta etapa é considerada fundamental para que seja possível avançar para os trabalhos e propor um projeto de lei para a desestatização da Corsan. A partir disso, a estimativa é que a privatização traga um aporte de R$ 10 bilhões em investimentos na área de água e saneamento básico pela iniciativa privada.
A principal preocupação apontada pelo governador Eduardo Leite é que a companhia não tenha condições econômicas para cumprir as novas exigências do Marco Legal do Saneamento. De acordo com as novas diretrizes propostas, o objetivo com o novo marco é garantir atendimento de 99% com água e de 90% com esgoto até 2033. Caso as mudanças não sejam feitas ao longo do prazo estabelecido, a instituição corre o risco de perder contratos e não conseguir entregar os serviços necessários à população.
A pretensão do governo é fazer um IPO (abertura de capital) da Corsan, capitalizar a companhia e vender ações. Se isso acontecer, o governo do Estado deixará de ser o controlador, mas irá permanecer como acionista de referência. Conforme anunciou Leite, o IPO será com a alienação de mais de 50% do capital, com uma estimativa inicial de acontecer no mês de outubro. Por meio desse panorama, cerca de R$ 1 bilhão deve ser injetado em investimentos na própria Corsan.
Em 2020, a Companhia Riograndense de Saneamento obteve receita líquida de R$ 3,2 bilhões e lucro líquido recorrente de R$ 480 milhões, segundo relatório da administração da empresa.
O segundo turno de votação da PEC deve ocorrer no dia 4 de maio, com um intervalo de três sessões, recebendo novamente o voto de, pelo menos, três quintos dos parlamentares (33 votos favoráveis). Depois disso, o governo ainda deve encaminhar à Assembleia um projeto de lei autorizando o Estado a desestatizar a Corsan para poder efetivar a abertura de capital.
Como votaram os deputados a PEC 280/2019:
Favoráveis – 34 votos:
- Rodrigo Maroni (PMB)
- Aloisio Clasmann (PTB)
- Elizandro Sabino (PTB)
- Kelly Moraes (PTB)
- Luís Augusto Lara (PTB)
- Eric Lins (DEM)
- Ernani Polo (PP)
- Frederico Antunes (PP)
- Issur Koch (PP)
- Marcus Vinícius (PP)
- Sérgio Turra (PP)
- Neri O Carteiro (Solidariedade)
- Ruy Irigaray (PSL)
- Tenente Coronel Zucco (PSL)
- Vilmar Lourenço (PSL)
- Fran Somensi (Republicanos)
- Sérgio Peres (Republicanos)
- Gaúcho da Geral (PSD)
- Beto Fantinel (MDB)
- Carlos Búrigo (MDB)
- Clair Kuhn (MDB)
- Gilberto Capoani (MDB)
- Vilmar Zanchin (MDB)
- Faisal Karam (PSDB)
- Mateus Wesp (PSDB)
- Pedro Pereira (PSDB)
- Zilá Breitenbach (PSDB)
- Dalciso Oliveira (PSB)
- Franciane Bayer (PSB)
- Fábio Ostermann (Novo)
- Giuseppe Riesgo (Novo)
- Paparico Bacchi (PL)
- Any Ortiz (Cidadania)
- Dirceu Franciscon (PTB)
Contrários – 18 votos:
- Edegar Pretto (PT)
- Fernando Marroni (PT)
- Jeferson Fernandes (PT)
- Luiz Fernando Mainardi (PT)
- Pepe Vargas (PT)
- Sofia Cavedon (PT)
- Valdeci Oliveira (PT)
- Zé Nunes (PT)
- Eduardo Loureiro (PDT)
- Gerson Burmann (PDT)
- Juliana Brizola (PDT)
- Luiz Marenco (PDT)
- Luciana Genro (PSOL)
- Dr. Thiago Duarte (DEM)
- Capitão Macedo (PSL)
- Patrícia Alba (MDB)
- Elton Weber (PSB)
- Airton Lima (PL)
Não votaram:
- Adolfo Brito (PP)
- Tiago Simon (MDB)
- Gabriel Souza (MDB) – Não vota, por ser o presidente da Assembleia
Foto: Foto: Joel Vargas / ALRS / Divulgação