Dragão Vive: Glauber Rocha 80 anos é o nome o curso que acontece na Cinemateca Capitólio, nos próximos sábado e domingo (9 e 10). A obra do cineasta, que, se fosse vivo, completaria 80 anos no próximo dia 14, será discutida em duas fases diferentes: a fome e o sono, abordando as relações entre estética e política.

A fome e o transe estiveram entre os temas destacados na carreira de Glauber, que, mais tarde, também ensaiou uma estética do sonho, em que filmava desde a decadência da burguesia colonial até mesmo o apocalipse. Entre os filmes mais importantes da estética da fome, provavelmente a mais vista e mais estudada de Glauber, estão Deus e o diabo na terra do sol (1964) e Terra em transe (1967).

“Tão interessante quanto a estética da Fome é a do Sonho, que responde às demandas políticas da arte revolucionária pós-68 de um jeito bastante peculiar. Nos anos 1970, Glauber se afasta consideravelmente da estilística do Cinema Novo e passa a operar num registro mais experimental, mais formal e caótico, um pouco parecido com o que Godard irá fazer com o Grupo Dziga Vertov na Europa e com o que os brasileiros Rogério Sganzerla e Júlio Bressane já faziam no Cinema Marginal” analisa o ministrante do curso, Lennon Macedo.

O jornalista Lennon Macedo é mestrando da UFRGS e pesquisa teoria do cinema e cinema contemporâneo com ênfase nos cinemas brasileiro e asiático, além de ser um dos editores do fanzine Zinematógrafo.

Para o pesquisador, mesmo com quase quatro décadas sem o cineasta, que morreu em 1981, ainda é necessário estudar a sua obra atualmente.

“Rever seus filmes, reler seus textos hoje é um encontro com uma tradição artística e filosófica que trouxe algumas respostas – e muito mais importante, levantou algumas perguntas – sobre a formação do nosso país, fortemente marcado pela colonização, pelo genocídio indígena, pela escravidão dos povos africanos, pelas ditaduras militares na América Latina e por outras violências que produziram o Brasil em que vivemos hoje. Glauber oferece uma maneira sua de ler esses signos caóticos, arredios”, explica.

Macedo ainda lembra a importância da experimentação do diretor. “A fórmula de Maiakóvski, “não existe revolução sem forma revolucionária” é repetida por Glauber a cada plano, a cada corte. E mais do que uma radical experiência estética, seus filmes propõem uma radical experiência de pensamento”, analisou.

As inscrições para o curso podem ser feitas por clicando aqui. O valor é R$95 com cartão de crédito e R$90 por depósito, com apostila e certificado de participação. Os dois encontros acontecem das 14h às 17h. Informações pelos email: cineum@cineum.com.br  ou pelo telefone: (51) 99320-2714.

 

Arte: Divulgação

 

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