Foto: Divulgação

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Creed III é o filme mais desapegado da franquia. Com a estreia de Michael B. Jordan na direção — e sem a figura de Rocky Balboa — a trama segue contando a história de Adonis Creed, mas agora, o foco está na relação com seu amigo de infância Damien (Jonathan Majors), que se torna a grande atração do filme. A construção da relação dos dois é contada de uma forma não linear, sendo expandida com o decorrer dos acontecimentos. Essa estrutura acaba funcionando pelo roteiro bem consistente, que consegue manter o foco nessa trama principal, mas não esquece das subtramas envolvendo os dramas familiares de Adonis.

Falando em subtramas, nem todas funcionam aqui, acho fraco o arco da filha de Adonis, a “herança” do temperamento do pai não é tão bem explorada, além da própria personagem da Tessa Thompson, que não tem muito desenvolvimento. O filme concentra seus esforços na relação Adonis e Damien, com alguns flashbacks e bons diálogos no reencontro dos personagens depois de dezoito anos, construindo uma atmosfera que funciona em tela. Quanto ao roteiro, temos algumas soluções apressadas, velhos clichês do gênero e da própria franquia, que fazem dessa sequência uma reprodução de filmes anteriores, lembrando em alguns aspectos “Rocky III”, tirando o fato do vínculo afetivo entre os rivais, temos aqui o duelo entre o campeão já estabelecido contra um “desconhecido”, fato que já acontece inclusive no primeiro filme da franquia.

Os grandes destaques ficam por conta de Michael B. Jordan, que manda bem na sua estreia na direção, principalmente nas cenas de lutas e na carga dramática implementada aos personagens. Quanto aos aspectos técnicos, vemos algumas semelhanças na maneira de filmar do diretor (e aqui roteirista e produtor) Ryan Coogler, pegando esses elementos e implementando algumas novidades nas lutas que constroem um clima mais “intimista”, principalmente no confronto final. Esse conflito dos dois é de fato o coração do filme, com Jonathan Majors como o grande destaque, fazendo um ótimo contraponto para Adonis. Não temos aqui Rocky Balboa, o longa consegue desvincular quase por completo as amarras com o personagem de Sylvester Stallone, que pra mim fez falta no filme, não vou negar.

O saldo é positivo, mas acredito que Creed III seja o meu menos favorito da franquia. Longe de ser ruim, pelo contrário, é um bom filme, mas repete fórmulas que pelo menos pra mim não funcionam tão bem como nos seus antecessores. Recomendo muito, é um bom filme e mostra que a franquia pode ir ainda mais longe, só torço para ela não se perder no meio do caminho..

Nota: 

 

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