Ministro da Justiça, Sergio Moro, foi hoje (19) a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado para se manifestar sobre a reportagem do The Intercept. Na ocasião Moro deixou bem claro que o que existe de fato é uma ação criminosa de invasão de privacidade e roubo de dados, com a finalidade de livrar criminosos e anular condenações da Operação Lava Jato.
Afirmou mais uma vez que não reconhece as conversas e levantou várias suspeitas em relação à forma como estas transcrições foram selecionadas, editadas, montadas pelo The Intercept. Desabafou que ficou surpreso pelo nível de vilania e baixeza de quem operou este conjunto de ações: “Não utilizaram nada com fins de interesse público, mas para ajudar corruptos a se livrarem da Operação, que é uma conquista da sociedade brasileira. O que temos aqui é um ataque às conquistas da sociedade, contra a corrupção, nos últimos cinco anos”.
Por fim, ele foi bastante contundente em afirmar que vê claros indícios de uma operação criminosa organizada, com finalidades claras, com manobras de contrainteligência e desinformação planejadas, buscando manipular a opinião pública.
Terminou desafiando, novamente, o The Intercept a liberar todo o conteúdo que tem de uma vez, para que seja periciado, à luz da verdade, da transparência e do interesse público, ao contrário de ficar fornecendo à conta gotas com finalidade sensacionalista, como uma grande ação de clickbait, só para conseguir audiência, de forma sensacionalista.
Eu tenho dito, desde o dia seguinte à transcrição de supostas conversas publicadas pelo The Intercept que vejo em tudo isto uma clara ação de espionagem e conspiração internacional para desestabilizar o País e livrar corruptos. Lembrando aqui que o Glenn Greenwald foi escolhido pessoalmente pelo ex-presidente e presidiário Lula para ser o único jornalista, além da Mônica Bergamo, a entrevistá-lo na carceragem da PF. É notoriamente um simpatizante do PT e do PSOL, além de ativista político. Reportagem sensacionalista, de meio sem imparcialidade, construída sobre informações conseguidas de fonte anônima e criminosa.
Greenwald acredita na mentira do Golpe, é militante do Lula Livre e busca, desde 2016, uma narrativa para que a imprensa brasileira possa livrar Lula. Em 2016 ele deu uma entrevista para o blog esquerdista Diário do Centro do Mundo e afirmou que inicialmente admirava Sergio Moro, mas que mudou de opinião: ¨Mas minha opinião mudou realmente quando ele mandou prender Lula sem razão e depois quando divulgou as conversas dele com Dilma e também dos advogados. Aquilo me deixou muito ofendido”, lembra. Esta declaração mostra que existe motivação revanchista na reportagem publicada. Na verdade, ao receptar o material bruto, de origem criminosa, ele ficou com a faca e o queijo na mão para criar a narrativa que preenchesse seus objetivos.
Sem mostrar sequer uma prova ou fatos concretos o que vemos é a construção de uma narrativa, um pseudo-jornalismo, sem contraditório, militante, ideológico e parcial. Vivemos atualmente no Brasil o que se chama de Proxy War, ou seja, uma guerra cibernética, envolvendo vazamentos e roubo de informações, onde as fontes primárias e provas não são reveladas, e surgem versões de fatos com finalidade política e de manipulação de opinião pública, produzindo conteúdo para uma batalha de narrativas políticas.
Citando o presidente da Associação Brasileira de Estudos de Inteligência e Contrainteligência (ABEIC), o Procurador de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, Fabio Costa Pereira, “Ingênuos acharão que os acontecimentos não passam de possíveis crimes cometidos por hackers comuns.
No entanto, o cenário visto como um todo nos permite pensar que estamos imersos em uma guerra cibernética por procuração, onde em jogo interesses muito maiores do que, neste momento, possamos antever. Meu conselho, conectem os pontos e tirem as suas próprias conclusões.”
Artigo de opinião: Fernanda Barth
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil