Ouço nitidamente a voz do meu pai:
“Vamos logo, Zezé. Precisamos levar os tijolos e os sacos de cimento que estão no bagageiro da Rural Willys e descarregar lá no Beira Rio”.
E lá íamos nós, toda a família para mais uma manhã de sábado cumprir nossa missão de colorados. Era nossa obrigação e a cumpríamos religiosamente. Todos os sábados de meados da década de 1960 até o momento em que anunciaram que não era mais necessário porque o Estádio seria inaugurado.
Depois veio a modernização do Estádio, o que me obrigou a mudar a fantasia. Agora eu penso que todos os tijolos que minha família levou, ficaram na parte superior – nas antigas arquibancadas – e que ainda estão lá, intocados.
E eu passei a vida fantasiando que nos grandes jogos do Internacional, uma ínfima parte daquele estádio é de minha propriedade. Com o tempo, vieram os sobrinhos, depois os filhos e eu sempre deixei bem claro que aquele lugar era, de certa forma, nossa casa.
Foi ali que vi, (e vi mesmo porque sempre fui aos jogos), o Inter ser Octacampeão Gaúcho, Tricampeão brasileiro, Campeão da Copa do Brasil, Bicampeão da Libertadores da América, Campeão da Sulamericana, Campeão das Recopas Sula-Americanas, enfim, campeão.
E quarta que vem, lá estarei novamente. Não sei se seremos campeões, embora tenha muita confiança, mas uma coisa é certa: nossa missão, como colorados, não é mais levar tijolos e sim gritar, estimular, mandar prá frente, e gritar e gritar. É isso que farei na quarta feira. E ao final, com qualquer resultado, lembrarei humildemente, que há apenas dois anos eu estava ali, firme, ajudando meu time a sair da segunda divisão, para voltar a disputar uma final de luxo. Esse dia chegou.
Eu te amo, Colorado!
Foto: Facebook/Divulgação