| Lívia Rossa |
Fernanda Melchionna é candidata à Prefeitura de Porto Alegre pelo Partido Socialismo e Liberdade (Psol). Quem concorre como seu vice é o ex-arbitro de futebol, Márcio Chagas. Foi vereadora em Porto Alegre de 2009 a 2019 e atualmente possui o cargo de deputada federal. O nome da coligação é “Porto Alegre pede coragem”.
Confira a entrevista dada pela prefeiturável, no programa Cruzando as Conversas, da RDC TV, no dia 15/10:
Momento econômico
Em apresentação inicial, Fernanda sustentou que é importante o foco em política, “em um momento tão grave da nossa história, marcado pela pandemia e pelas ameaças constantes às liberdades democráticas promovidas pelo governo Bolsonaro e por uma crise econômica e política que é profunda”.
Na sequência, a candidata à Prefeitura disse que um dos desafios, caso assuma a gestão, é “trazer o debate nacional da crise econômica”.
“Só com a pandemia o Brasil perdeu milhões de postos de trabalho. Porto Alegre perdeu 25 mil postos de trabalho. Com uma combinação da piora da qualidade de vida com o arrocho salarial dos trabalhadores e trabalhadoras, e uma elite econômica que está mais rica. Brasil tem mais bilionários hoje do que tinha em março deste ano. Então nós veremos o aprofundamento desta crise com a retirada do auxílio emergencial que o Bolsonaro nunca quis dar”, disse.
Relação com Governo Bolsonaro
No que diz respeito à relação com o governo do presidente Jair Bolsonaro, Fernanda afirmou que possuem candidatos que se utilizaram de popularidade adquirida em função da concessão do auxílio emergencial.
“Nós estamos no pior momento da nossa história, talvez. E tem candidatos que por oportunismo, talvez, diante de uma popularidade que ainda existe no governo Bolsonaro. É concreto. Que cresceu em função do auxílio emergencial, que ele nem queria dar. Eu acho que tinha que dar o auxílio emergencial, independentemente de qualquer coisa. O povo não pode passar fome”, afirmou.
Em seguida, a prefeiturável comentou que é momento de se posicionar em favor do que chama de liberdades democráticas, “enfrentando os grandões no sentido de cobrar aquilo que eles devem para garantir políticas de combate à desigualdade”.
Verbas para Porto Alegre
Mesmo com discordância em relação ao governo vigente, Fernanda disse que o partido visa buscar uma relação “que busque as verbas que Porto Alegre tem direito porque isso é da lei, o governo é obrigado a dar”, porém, sem deixar de fazer oposição “contra a extrema direita”.
Em situação hipotética, colocada pelo time de entrevistadores da RDC TV, onde o presidente Jair Bolsonaro não concordasse em encaminhar os recursos por conta das diferenças ideológicas, a prefeiturável respondeu: “ele é obrigado a aceitar e mandar os recursos que Porto Alegre tem direito. Nós não queremos ficar com ‘pirezinho’ pedindo dinheiro para o Bolsonaro, ele é obrigado a mandar o fundo de participação dos municípios. Ele é obrigado a mandar a recomposição do ICMS porque ele também foi derrotado pelo Congresso Nacional”, afirmou.
Unidade da esquerda
Questionada sobre a unidade da esquerda nesta eleição, Fernanda afirmou que é importante apostar em novas caminhos, com auto-crítica e combatendo uma “política de conciliação de classe”. Para a prefeiturável é importante que se tenha um projeto independente, que incorpore os interesses dos trabalhadores e da juventude. Além disso, a candidata também pensa que é necessário “governar de baixo para cima” e acredita que seja importante criar mecanismos de participação deliberativos.
“Nós temos diferenças. Eu vejo as propostas hoje como estão se apresentando e me parecem propostas de centro-esquerda. Eu acho que é fundamental dizer o que precisa ser feito, do ponto de vista da tributação, dos gastos dos grandes devedores da cidade de Porto Alegre, mas também pensar que nós não podemos cair em 2018. Me parece que, muitas vezes, o voto útil ao voto inútil em que a gente pode levar quem tá na frente nas pesquisas do segundo turno, mas que pode perder para qualquer candidato da direita no segundo turno. Eu acho que a gente precisa de uma esquerda que diga seu nome, que diga que é esquerda, que se coloque a serviço de uma luta nacional que precisa ser feita”, disse.
Projeto Nome Limpo
Com proposta de lei de transição tributária, a candidata prevê uma lei que cobre de grandes empresas, com dívidas milionárias, que paguem para o município em forma de bens e serviços ou por meio de moradias populares.
“Eu vejo que falta coragem para os governos cobrarem essa dívida, de R$2 bilhões. É quase o orçamento das receitas próprias. Vai ter grandes empreiteiras que vão estar sempre fazendo obras, novas obras sendo licenciadas, enquanto elas têm dívidas milionárias que podem ser cobradas em moradia popular”, afirmou.
No caso dos bancos, o Projeto Nome Limpo, segundo a candidata, auxiliaria no desinvidamento popular. “É claro que seria insuficiente para desendividar os 300 mil porto-alegrenses, mas tu podes ter um cadastro transparente que famílias de baixa renda e sobretudo mulheres chefes de família tenham prioridade no nome limpo”, afirmou.