Deixou a formalidade de lado
Foi mais do que um discurso protocolar na tribuna. Ao assumir a presidência da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, ontem pela manhã, o deputado estadual Gabriel Souza fez uma autocrítica da classe política e um enunciado corajoso de desafios.
Começou lembrando 2013, quando o povo, cansado com tanta corrupção, foi às ruas para dizer que os detentores do poder já não mais o representava. Além disso, os governos estavam desatualizados e por isso faltavam serviços.
Para sair da redoma de vidro
Outros itens ressaltados no pronunciamento do deputado Gabriel:
1) as instituições públicas não podem continuar isoladas;
2) ao longo da História, o primeiro ato dos governos autoritários tem sido subjugar o Parlamento.
3) as demandas da população precisam ser canalizadas de forma ágil e interativa por meio de plataformas digitais.
4) chega de salas suntuosas como locais para tomada de decisões;
5) é preciso repensar o serviço público;
6) os governos precisam atrapalhar menos os que buscam empreender e gerar empregos;
7) o Estado é a mais fantástica invenção para organizar a sociedade;
8) a Política, quando bem exercida, prepara o futuro.
É de envergonhar
As primeiras amostras na Câmara dos Deputados indicam: será o ano da política do insulto, misturada com chicanas, espertezas, mandonismo, servilismo que não trazem nenhum benefício ao interesse público. Os autores de tropelias, no máximo, garantem 15 minutos de fama, enquanto se acumula a pauta de problemas sem soluções.
Apressados
A seleção dos fabricantes de perplexidades no Congresso Nacional está quase escalada.
Grande engano
Nada há de errado no Senado e na Câmara dos Deputados, a não ser os que estão lá para tratar de interesses pessoais, esquecendo do resto.
Questão de coragem
O que falta nos Legislativos, de Norte a Sul do País: blocos sem medo da impopularidade imediata, capazes de elaborar, apresentar e defender projetos que não tenham como alvo imediato só o aplauso das galerias lotadas.
Omissos
Os parlamentares veem a crise aumentar sem buscar um modelo de governo que funcione melhor e custe menos aos contribuintes de impostos. Começaria pela necessidade do abandono da matriz patrimonialista, cartorial e clientelista. O Brasil é atavicamente estatista desde Dom João VI.
Doce ilusão
É comum com os marinheiros de primeira viagem: confundem integrar governos com ter o poder.
Mais uma cortina aberta
O jornal O Estado de São Paulo divulgou ontem que o Ministério da Economia resolveu mostrar, pela primeira vez, relatório com o total de benefícios concedidos aos funcionários de 46 empresas com controle direto da União. São de estarrecer.
O economista Roberto Campos escreveu em 1999 e continua atual:
“A verdade é que a empresa pública brasileira é um mito. Ela só seria pública se o povo tivesse participação significativa em sua gestão ou se trouxesse ao Tesouro Nacional apetitosos dividendos para financiar o social. Nada disso acontece. As estatais são reservas de caça de políticos e tecnocratas, que formam uma nova classe: a burguesia do Estado.”
Mudou
Os brasileiros ficaram menos tolerantes com a corrupção porque estão seguros de que existem mecanismos para enfrentá-la. Começa com a efetiva transparência nos negócios públicos e a punição dos infratores. São medidas que reduzem drasticamente os riscos de que fantasmas ressuscitarão.
Facilidades têm preço alto
Há décadas, a prática preferida pelo governo federal era fazer empréstimos. Hoje, usa metade dos impostos que arrecada para pagar a dívida pública. Enquanto persistir o cenário, a Economia não poderá crescer para dar empregos e bem estar aos brasileiros.
Não encontram a bússola
Não vai demorar e muitos perceberão a limitação de eleitos que chegaram ao poder despreparados, usando antiga ferramenta: retórica demais e informação de menos. Confirmarão o ditado: quem só conhece metade de um problema acaba devorado pela outra metade.
Evita estragos
Em meio à tempestade, o que os governos menos precisam é de aumento da ventania.