Antes da tempestade
Relatório breve sobre a CPI da Pandemia: senadores estão com as linhas na água, esperando fisgar peixes grandes. Na área subterrânea, o governo federal prepara relatórios sobre dificuldades enfrentadas por outros grandes países. Quando enxergarem as iscas, os supostos acusados irão espetá-los nas iscas, tentando se defender e surpreender os pescadores.
Fora de hora
O jornal O Estado de São Paulo noticiou: “A CPI da Covid corre o risco de ser contaminada por disputas regionais travadas por senadores que são pré-candidatos a governos estaduais e tentam responsabilizar seus adversários pela crise.”
Será o ingresso na área das águas turvas.
Não adianta só o afago
O Senado comemorou, sexta-feira, em sessão especial, o Dia do Profissional de Contabilidade. Deveria fazer mais. Por exemplo: simplificar a legislação tributária. Pode tomar por base um ranking internacional, o Tax Complexity Project. Desenvolvido por duas universidades alemãs, a LMU, de Munique, e de Paderborn, mede as dificuldades enfrentadas em cada país.
Conclusão: o Brasil tem um sistema de impostos muito complexo entre os 100 países pesquisados. Integra o grupo dos cinco mais confusos com Colômbia, Egito, Albânia e Zimbábue.
Agenda sempre bloqueada
Um dos argumentos que parlamentares usam em Brasília, quando é cobrada a discussão e votação de reformas: “Ah, este é um ano pré-eleitoral…” Sim, o próximo será um ano eleitoral… Portanto, não sobra tempo para Suas Excelências.
Parte da população, que cobra modificações, pode afirmar: “Matam a chance de ver o país melhorar.”
Transparência
Aos que acreditam existir dinheiro para gastar sempre, o Relatório de 2020, divulgado semana passada pelo Tesouro do Estado, prova o contrário. A dívida total do Rio Grande do Sul chegou a 81 bilhões e 300 milhões de reais, dos quais 69 bilhões são de compromissos com a União.
Erro constante
O caminho seguido não é o da descentralização e da autonomia dos Estados, mas o da dependência de Brasília, que arrecada a maior parte dos tributos no país. Depois, governadores e deputados precisam enfrentar a arrogância dos tecnocratas nos ministérios, os verdadeiros donos dos recursos.
Luta contra o abandono
Pesquisa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) mostrou outra face da pandemia: mais de 5 milhões de crianças e adolescentes estavam sem acesso aos estudos no Brasil no fim de 2020. O primeiro grande esforço será dos pais: fazer com que voltem a estudar.
Vira alvo
O ex-deputado federal Roberto Jefferson deverá deixar a linha de ataque para se defender: o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, pediu ao Tribunal Superior Eleitoral que passe um pente-fino nas prestações de contas do PTB. Acredita que o presidente nacional tenha usado verbas para benefício pessoal.
Começo
A 1º de maio de 1938, o presidente Getúlio Vargas anunciou a criação do salário mínimo. Havia 14 valores diferentes. No Rio de Janeiro, capital do país, era quase três vezes maior do que no Nordeste.
Como Vargas passou a utilizar a data para apresentar boas notícias, houve diminuição no número de piquetes e protestos, substituídos por festas e desfiles.
Há 70 anos
Trecho do discurso do presidente Vargas a 1º de maio de 1951 no estádio do Vasco Gama: “Preciso de vós, trabalhadores do Brasil, meus amigos, meus companheiros de uma longa jornada. Preciso de vossa união. Preciso que vos organizeis solidamente em sindicatos, preciso que formeis um bloco forte e coeso ao lado do governo. Preciso de vossa união para lutar contra os sabotadores, para que eu não fique prisioneiro dos interesses dos especuladores e dos gananciosos, em prejuízo dos interesses do povo.”
Resistiu por três anos, dois meses e 24 dias.
Jogada ensaiada
A Comissão do Esporte da Câmara dos Deputados realizou, sexta-feira, audiência pública para debater o projeto de lei 6228/19, que torna obrigatória a divulgação das imagens e do áudio, em tempo real, das conversas no caso de utilização do Sistema Árbitro de Vídeo (VAR). Oito entidades foram convidadas para participar. O Sport Club Internacional, o maior prejudicado por juízes e pelo VAR no ano passado, ficou fora. Não tem desculpa.
Falta achar o meio termo
A opinião pública brasileira oscila entre os pólos da estadolatria e da estadofobia.