O diretor do Observatório Racial no Futebol, Marcelo Carvalho, que participou da campanha de lançamento da nova camisa do Internacional, em comemoração ao mês da Consciência Negra e de combate ao racismo, concedeu entrevista exclusiva ao RDC Esporte desta sexta-feira. O novo uniforme do clube foi utilizado também em campo, em ato histórico, com os jogadores usando pela primeira vez, uma camisa preta.
“Nós fomos convidados pela Adidas para pensar em uma maneira de envolver os clubes patrocinados em uma ação contra o racismo. Então pensamos que se vamos pensar em uma ação contra o racismo dentro do futebol, um dos melhores sentimentos para mexermos com os torcedores é a camiseta do clube. Todo torcedor quer a camiseta do seu clube. Ficamos felizes que o Inter decidiu usar a camiseta. O Internacional entrar em campo com a camiseta preta tem um simbolismo muito grande. O Inter não é um clube que utiliza a cor preta, mas passou por cima de todas as possibilidades e pensou na causa, na luta. Pra nós foi muito gratificante.”, comemorou.
Criado em 2014 para monitorar, acompanhar e noticiar os casos de racismo no futebol brasileiro, assim como divulgar e desenvolver ações informativas e educacionais que visem erradicar o preconceito. No esporte que explica o Brasil, suas qualidades e mazelas, Marcelo ressalta a importância da camiseta própria do Observatório para marcar a luta.
“A gente entende a importância da camiseta de futebol para os torcedores e seus clubes. Inclusive, nós do Observatório temos nossa camiseta, com a hashtag ‘Por Mais Respeito’. Principalmente, um convite aos torcedores para que eles sejam antirracistas. E isso para que os torcedores olhem para seu clube, não basta pensar em combater o racismo olhando para o rival, mas também olhando para o nosso clube, pensando que racismo não é só insulto e xingamentos” – ressaltou Marcelo Carvalho.
O Diretor do Observatório também comentou o caso envolvendo o STJD nesta semana, que “devolveu” os 3 pontos para o Brusque/SC, no julgamento do caso de racismo por parte de um dirigente do clube contra o jogador Celsinho, do Londrina. O fato aconteceu em 28 de agosto, em partida válida pela série B, quando o atleta do time paranaense afirmou ser chamado de “macaco” por por Júlio Antônio Petermann, presidente do Conselho Deliberativo do Brusque.
“São dois sentimentos: em nenhum momento me senti surpreso, mas me senti muito triste. Fica um sentimento de derrota, parece que tudo aquilo que lutamos não está chegando em quem comanda o Brasil e o futebol brasileiro. Por mais que o Brusque ainda esteja sem mando, a sociedade hoje está entendendo que o STJD absolveu o Brusque, foi uma derrota para nossa luta.”, lamentou.
Historicamente posicionado contra o racismo, neste mês de novembro o Inter se posicionou fortemente a favor da causa. Além da nova camisa, lançou ainda uma nova camiseta casual antirracista, bem como fotos e vídeos da campanha contra o racismo, sendo estrelados por Taison, Patrick e funcionários do clube.
Contra o Racismo a melhor resposta vai ser sempre a ATITUDE. ✊? #InterContraORacismo #DiadaConsciênciaNegra ?? pic.twitter.com/OVvUtDXSSG
— Sport Club Internacional (@SCInternacional) November 20, 2021
Marcelo Carvalho comentou sobre a importância do futebol para o combate ao racismo e do posicionamento dos clubes.
“É um passo de cada vez, são pequenas vitórias. E estamos conseguindo usar o futebol para passar um recado importante para a sociedade, o futebol nos dá essa possibilidade, o futebol amplifica vozes que lutam contra o racismo e precisamos usar esse espaço” – destacou Marcelo.