Dirigente faz parte do Conselho de Administração do clube desde 2020. Foto: Reprodução/RDC TV

Candidato da situação à presidência do Grêmio, Guto Peixoto, que atualmente é um dos vice-presidentes do Conselho de Administração do clube, concedeu entrevista ao RDC Esporte nesta quinta-feira (22). Entre vários assuntos, ele fez uma autocrítica à atual gestão, reconhecendo a demora em fechar alguns ciclos.

Confira os principais trechos:

Autocrítica da gestão

“A base desse diagnóstico é uma questão de ciclo. O futebol é feito de ciclos, e o Grêmio talvez tenha demorado para virar esse ciclo. O Grêmio teve um ciclo muito vencedor, indiscutivelmente. Mas os ciclos vencem. Acho que foi o Felipão que falou, em uma passagem anterior, e ele chegava a ser até agressivo: ‘se vocês vão manter esses caras que são muitos vencedores, eu saio. Se quiserem resetar e começar do zero, eu fico’. Ele já entendia essa dificuldade de manter um ciclo vencedor com um grupo vencedor. Talvez a gente tivesse que ter feito essas mudanças antes.”

Renato

“O Renato me surpreendeu positivamente. Eu não estava próximo, no Conselho de Administração, não ia ao CT, não acompanhei o trabalho do Renato na outra passagem dele. Mas o Renato que chegou agora ao Grêmio é um Renato muito comprometido, o que sempre foi. E essa ideia de que o Renato é um treinador que só motiva é completamente errada. Renato é um estrategista, que sabe trabalhar muito a mente dos jogadores, que sabe mudar um jogo no intervalo, vocês viram contra o Sport.”

Papel do dirigente

“O dirigente de futebol para mim é que nem árbitro de futebol. Se ele puder fazer o time vencer e dar tudo certo sem ele aparecer é o melhor dos mundos. O melhor juíz termina a partida e tu nem lembra se ele era alto, baixo, passou despercebido porque o jogo foi bom. Claro que se o jogo está encrunhado, tu tem que dar a cara à tapa. Mas o holofote tem que estar nos artistas. A gente lembra os nomes dos atores dos filmes de cinema, mas não lembra o nome do diretor. É assim que funciona.”

Reformulação do elenco

“Quando eu falo do elenco atual, do grupo atual, das condições atuais, eu tenho que ter um certo cuidado, diferente dos outros candidatos. Obviamente o grupo tem que ser reforçado. A gente tem como uma das premissas de campanha um elenco competitivo. Competitivo é ter craque no time? É relativo. Tem muito craque que está no final da carreira, que já não entrega mais esse esforço físico. Tem a questão psicológica. Esse cara está a afim de jogar mesmo?”

Coordenações

“Nós queremos ter duas coordenações que não existem hoje no Grêmio: coordenação técnica e coordenação de preparação física, para acompanhar todo processo de formação, quem entra na captação, e os jogadores que vem de fora, para que eles cheguem no profissional alinhados com as necessidades. E as necessidades não são só técnica. A gente percebe esse disjuntor cai em algum momento do jogo, dá uma desligada. Não é falta de vontade.”

Contratações

“O clube tem que ter a gestão sobre isso. Mas obviamente que tem que sempre envolver o treinador. Não adianta contratar um jogador que cumpre todos requisitos que tu quer e o treinador fala ‘esse cara comigo não joga’. E o inverso também é verdadeiro. Então o que está dentro do nosso projeto é melhorar o processo decisório nas contratações. Desde o breafing, para quem busca, e sempre com essa coparticipação. Eu gosto desse modelo de mais pessoas participarem, numa maneira multifuncional, multidisciplinar.”

Categorias de base

“Eu já vi gerações do Grêmio supervencedoras no profissional que não ganharam nada na base. Inclusive essa última que venceu. Nós temos profissionais muito qualificados nestas categorias. Inclusive mudamos o processo recentemente. Agora o processo de avaliação dos jogadores que não é por idade. É por outras questões: psicológico, físico, etc. Tem jogador que desenvolve muito depois. E temos que criar no profissional um ambiente adequado para receber essa gurizada. Para mim é essa a grande questão.”

Departamento médico

“Temos que individualizar as questões e analisar que tipo de lesão estamos falando. Tem lesões cuja gravidade e tipo de procedimento que é feito o jogador se recupera, volta mas tem a tendência natural de ter problemas musculares. Kannemann e Ferreira, por exemplo, tiveram processos agressivos. É um combo, o tratamento médico é um combinado. Tem muito a ver com os procedimentos médicos, com o pós-cirurgia, com o comportamento do atleta… é difícil fazer essas avaliações. O que a gente tem que fazer é dar as melhores condições para o departamento médico. A gente tem melhorado isso ao longo do tempo. Acho que pode melhorar muito em termos de tecnologia e parcerias.”

Relação com a Arena

“Essa gestão trabalhou muito neste tema [da compra], à exaustão, inclusive, e houve entraves com variáveis externas que não estão sob nosso controle neste momento. Enquanto esse imbróglio não se resolve, a gente tem que trabalhar em prol da comodidade do torcedor. Há falhas nesse sentido, a gente sabe. Pode haver melhorias mais significativas, mais contundentes, para que o torcedor tenha mais conforto e segurança.”

 

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