Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A polêmica em torno da Venezuela se tornou o principal assunto de uma entrevista coletiva que Lula concedeu a jornalistas brasileiros e estrangeiros ao final da reunião de cúpula, já na noite de terça.

Na ocasião, Lula não mostrou arrependimento e tentou valorizar as críticas dos presidentes do Uruguai e do Chile como naturais. “Ninguém é obrigado a concordar com ninguém”, disse Lula. “Houve muito respeito com a participação do Maduro. Os que fizeram críticas às fizeram no limite da democracia”, avaliou o mandatário brasileiro, que voltou a usar a palavra “narrativa” para classificar as críticas ao regime venezuelano.

“Todo mundo sabe o que eu falo e todo mundo sabe o que eu penso. Em política, toda vez que você quer destruir um adversário, a primeira coisa que você faz é construir uma narrativa negativa dele”, disse Lula.

Ele citou a expressão narrativa também para se referir ao ex-presidente venezuelano Hugo Chávez (já falecido), padrinho político do próprio Maduro, que foi vice no último mandato de Chávez e o substituiu na Presidência. O incômodo de presidentes com o discurso de Lula sobre Maduro não impediu que todos os presentes aclamassem uma carta com texto comum sobre a reunião de cúpula.

Entre os nove pontos estabelecidos no documento chamado “Consenso de Brasília”, está o que fala sobre o comprometimento dos participantes com a democracia e os direitos humanos. Esse trecho diz que os países “reafirmaram a visão comum de que a América do Sul constitui uma região de paz e cooperação, baseada no diálogo e no respeito à diversidade dos nossos povos, comprometida com a democracia e os direitos humanos, o desenvolvimento sustentável e a justiça social, o Estado de direito e a estabilidade institucional, a defesa da soberania e a não interferência em assuntos internos”.

Outro resultado da cúpula foi o estabelecimento de grupo de trabalho com os ministros das Relações Exteriores de todos os países presentes. Eles terão 120 dias para debater ideias sobre a integração do continente com o objetivo de levá-las para nova reunião de cúpula com os chefes de Estado. No próximo encontro, a previsão é que essas ideias sejam votadas.

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