A obesidade é terceira causa de morte no mundo, perde apenas para o coração e o câncer. Foto: Celso Bender/ ALRS

Em ato na Sala João Neves da Fontoura, o Plenarinho, foi instalada no início da tarde da última sexta-feira (10) a Frente Parlamentar de Prevenção e Combate à Obesidade Infanto-Juvenil e Adulta, uma iniciativa do deputado Dr. Thiago Duarte (União). Na ocasião, quatro cirurgiões bariátricos com atuação no Rio Grande do Sul discorreram sobre a obesidade, que é classificada como a pandemia da atualidade, e advertiram as autoridades públicas sobre a urgência de políticas públicas voltadas para essa população e, ainda, para a necessidade de o Sistema Único de Saúde ampliar a oferta de cirurgias bariátricas, uma vez que o Brasil registra crescimento alarmante da doença, especialmente após o período da pandemia. A obesidade é terceira causa de morte no mundo, perde apenas para o coração e o câncer.

O primeiro palestrante do seminário, com mediação do deputado e da presidente da Associação Brasileira de Apoio aos Operados Bariátricos, Jussara Tessele, foi o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica do RS, Sérgio Pioner, que abordou a Doença da Obesidade, a principal doença crônica da atualidade. Trata-se de doença multifatorial e é definida quando o índice de massa corporal está acima de 30. “A pessoa com sobrepeso tem chance dupla de adquirir doenças e no caso da obesidade severa, com massa corporal acima de 40, a chance é 20 vezes maior de adquirir doenças”, afirmou. A redução da expectativa de vida dessas pessoas, no Brasil, é de cinco anos.

Ao redor do mundo, a obesidade é a doença que mais avança e registra 1 bilhão de obesos. No RS, 78% dos gaúchos têm sobrepeso, superando a média nacional, que é de 68%. Da população adulta no estado, 23% é obesa. Do percentual nacional (68%), 13% são obesos severos ou super obesos e 21% tem obesidade moderada, e mais de 30% dos obesos com problemas que poderão se agravar e levá-los a óbito.

O especialista alertou que na faixa de 18 a 24 anos, aumentou 90% em um ano o índice de peso desse grupo. “A pandemia trouxe em média 10 quilos por pessoa no país, no caso, os adolescentes”, salientou. É um público que sofre preconceito, inclusive entre a classe médica, nos consultórios, quando os profissionais não identificam a obesidade como doença.

A obesidade está vinculada a quase 200 doenças, é a principal causa de transplante de fígado, e ultrapassou o álcool, o câncer e as hepatites virais, conforme relatório mundial. O cirurgião Sérgio Pioner disse que a incidência de câncer no obeso é maior e a doença mata, a cada ano, mais pessoas jovens. A esperança é a cirurgia bariátrica, que melhora em 45% a qualidade de vida do paciente, mas é preciso acelerar a espera na fila do procedimento pelo SUS, por exemplo, que é em torno de dez anos. No período da pandemia, em 2020, de 10 mil cirurgias realizadas pelo SUS, caiu para duas mil. Muitas das vítimas da Covid, naquele ano, eram portadores de obesidade. Em 2022 foram cinco mil, muita distante das 75 mil realizadas pela saúde suplementar. Ele alertou, no entanto, que a cirurgia não cura a obesidade, apenas controla.

“A obesidade aumenta a cada ano, não está próxima de estabilidade, em 2022 ultrapassou a diabetes como doença crônica no mundo e não há campanha eficaz para o controle da obesidade”, com campanhas desde a infância para conter o avanço da doença.

Apenas 3% dos obesos procuram atendimento adequado, 97% com sobrepeso ou obesidade está desassistida pelo SUS ou planos de saúde; somente 10% fazem os tratamentos pelo SUS. O RS dispõe de poucos serviços de saúde vinculados à cirurgia bariátrica.

As outras abordagens foram do cirurgião bariátrico e ex-presidente da Sociedade de Cirurgia do RS, atual presidente da AMRIGS, Gerson Junqueira Junior, que discorreu sobre as razões para a cirurgia bariátrica e o que muda na vida do paciente bariátrico; o professor titular da faculdade de Medicina da UFRGS e do Núcleo de Medicina Metabólica do Hospital de Clinicas, Manuel Trindade, que detalhou a cirurgia com IMC 30, e definiu a obesidade como um problema de estado, na atualidade; e o presidente do Conselho Regional de Medicina, Eduardo Trindade, que discorreu sobre a Cirurgia Bariátrica no SUS e a necessidade de ampliar a oferta dessa modalidade com urgência.

Compartilhe essa notícia: