Tão logo foi encerrada, ontem, a reunião do diretório estadual do MDB, confirmando por ampla maioria a candidatura do deputado Gabriel Souza ao Palácio Piratini, surgiu nova tarefa para a Executiva: suprir rapidamente a caixa de curativos que deverá curar feridas. Serão visitados os que se ausentaram: Pedro Simon, Germano Rigotto, Sebastião Melo, Cezar Schirmer, Marco Alba, José Fogaça e Luís Roberto Andrade Ponte, entre outros. Divergiram, querendo que a decisão fosse tomada por todos os filiados do partido e não só pelos 70 votos do diretório.
Argumentos
Os participantes da reunião, ontem, garantiram que a escolha de Souza cumpriu todos os aspectos legais e tem legitimidade. Acrescentaram que o tempo necessário para escolha em um colégio maior demandaria tempo, provocando prejuízo à candidatura.
Próximo passo
A partir de hoje, o MDB abre a fase de conversas com outros partidos para possíveis alianças. Na entrevista coletiva, Souza antecipou que sempre haverá coerência. Usando uma dose de descontração, disse que “como veterinário, garanto que não se mistura camelo com girafa”. Acrescentou: “A direita se dividirá e a esquerda também. Cabe ao centro tentar a unidade para se fortalecer e ganhar a eleição.”
Um pouco de ficção
Respondendo sobre a versão de influência do governador Eduardo Leite para impulsionar a candidatura de Souza, a direção negou, como se esperava. Os que fizeram a acusação jamais apresentaram prova. Conclui-se que a suposição não se sustenta.
Fica ao lado da maioria
A primeira barreira foi superada ontem: o presidente da Associação dos Prefeitos e Vice-Prefeitos do MDB, Gustavo Stolte, que apoiava a candidatura de Alceu Moreira, acatou a decisão do diretório e anunciou que fará a campanha de Gabriel.
Apertar o cinto
O futuro governador do Estado terá desafios. Um deles: recomeçar a pagar a dívida com a União, suspensa por liminar do Supremo Tribunal Federal no segundo semestre de 2016. As parcelas estão definidas: R$ 700 milhões em 2023; R$ 1 bilhão e 400 milhões em 2024; R$ 2 bilhões e 100 milhões em 2025 e R$ 2 bilhões e 800 milhões em 2026.
Melhorar no ranking
O Rio Grande do Sul está hoje em quarto lugar no item renda per capita no país; em quinto na soma do Produto Interno Bruto e em nono na competitividade produtiva.
Ponto morto
João Doria abriu o coração ontem, afirmando que “a articulação de parte minoritária de integrantes do PSDB quer tirá-lo da disputa presidencial”. A maioria, porém, sabe que sua candidatura à Presidência não anima e nem decola.
Não é novidade
Os programas de propaganda partidária em rádio e TV, agora apresentados, ensejam o exercício da arte de ser vazio e oco. Equilibrando-se no trapézio, lideranças fazem piruetas para a plateia. Não dispensam promessas fantasiosas.
Chance da carona
O pluripartidarismo brasileiro é de fachada. Serve ao interesse congênito do compadrio e ao apetite insaciável dos que cobiçam o poder, mesmo não tendo votos. As eleições presidenciais servem como exemplo. Sem tradição de respeito a ideologias e princípios, xerifes da maioria das siglas negociam arranjos em troca de cargos. Renunciam a fazer o jogo essencial na Democracia: ficar fora do poder e assumir a condição de oposição, isto é, de fiscalizar o poder.
Encenações
O País não encontrará o melhor caminho enquanto não existirem partidos de verdade, sem os quais a Democracia não passa de uma simples ideia no papel.
O que interessa
Na selva de partidos, seus líderes desperdiçam tempo com parolagens. Arranjos, visando benefícios pessoais, tornam-se patuscas óperas-bufas.
Cinco para uma vaga
Pelo sistema de rodízio, caberá ao MDB escolher no final de abril o novo presidente da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul. Os pretendentes são os prefeitos de Restinga Seca, Paulo Ricardo Salerno; de Boa Vista do Buricá, João Rudinei Sehnem; de Panambi, Daniel Hinnah; de Marcelino Ramos, Vanei Mafissoni, e de Frederico Westphalen, José Alberto Panosso.
Não olham o que está ao lado
Muitos senadores e deputados federais escolheram como tema preferencial o semipresidencialismo, prevendo sua vigência a partir de 2030. Deveriam se preocupar com o orçamento federal de 2023, que começa a ser elaborado por tecnocratas em salas fechadas de Brasília. Na metade do ano, os parlamentares receberão o projeto como prato feito. Aprovarão, como sempre fazem, desde que estejam contemplados com emendas, tradicional fonte de votos.
Vai mudar?
As campanhas eleitorais costumam começar com dinheiro demais. À medida que o tempo passa, constatam-se ideias de menos.
Sinal dos tempos
A preferência da maioria dos partidos será por locais discretos para instalar os comitês eleitorais. Campanhas anteriores mostraram que se tornam locais procurados só pelos que buscam empregos.
Segredo acima de tudo
Os grandes partidos recomendam às assessorias de campanhas para que tomem todos os cuidados, bloqueando seus computadores. Todo o cuidado será pouco. O vazamento de informações ou a descoberta do conteúdo dos programas de propaganda são capazes de pôr uma campanha a pique.
Derrapam
É prenúncio de desastre para os cofres públicos quando eleitos assumem sem tirar as vestes de candidatos demagogos.
Porta aberta
Depois que Geraldo Alckmin entrou no PSB, é possível dizer: já não surgem socialistas com solidez ideológica como no tempo de João Mangabeira e Hermes Lima. Na primeira eleição após a ditadura de Vargas, Hermes Lima foi o mais votado no antigo Distrito Federal.
Descaso
A Lei de Responsabilidade Fiscal prevê pena de reclusão de um a quatro anos aos que descumprem. Para o volume de denúncias, as punições são raras.
Crise faz mais vítimas
Como efeito da pandemia, os norte-americanos tiveram a maior alta dos preços em 2021, considerando os últimos 40 anos. Levantamento do Centro de Análises Econômicas dos Estados Unidos, divulgado esta semana.
Texto atual
Este colunista guarda nos arquivos Editorial da Gazeta do Povo, de 6 de agosto de 2006:
“Vitórias, sobretudo vitórias fulminantes, são inimigas da paz. Batalhas longas, sangrentas, sofridas, com resultados dúbios facilitam as negociações. (…) Cada guerra é um delírio que só pode ser curado quando não há triunfantes ou derrotados, quando todos sofrem. De forma proporcional ou desproporcional. Esvaziada a arrogância, evapora-se a humilhação e só então os beligerantes prestam atenção às suas feridas.”
No para-choque de caminhão
A Rússia tem duas bombas: uma é a atômica e a outra preside o país.


