Fogem

Em abril de 2010, o jornalista Alberto Dines publicou um artigo, cuja atualidade é incontestável. Seis meses depois ocorreriam as eleições. O trecho inicial:

“Faltam apenas algumas formalidades, a corrida presidencial já começou. Além das alfinetadas pessoais, tentou-se um debate conceitual que dificilmente vingará. Pura preguiça: discutir ideias é mais complicado do que confrontar slogans. Os marqueteiros abominam conteúdo, porque é mais confortável vender ‘produtos’. O eleitor-consumidor será bajulado por todos os candidatos. O seu voto será dado a quem lhe oferecer maior grau de satisfação imediata.”

Interesses menores

Uma pergunta: algo mudou, 11 anos após Dines ter feito uma crítica frontal ao modo de fazer campanha?

Os candidatos não têm condições ou interesse de produzir novos conteúdos. Resumem as campanhas a ataques, muitos infundados. As questões básicas, fundamentais, vitais, essenciais, primordiais, relevantes e indispensáveis ficam de lado. Triste cenário que se desenha para 2022: brigas, muitas brigas. Xingações, pontapés por baixo da mesa, invencionices e também muita fuga do que verdadeiramente deve ser debatido e analisado em um país, cujo governo federal deve R$ 5,5 trilhões de reais. Para rolar, paga juros que alcançam quase a metade do valor arrecadado com impostos.

 Até quando o País aguentará?

Fotografia da crise

Chegou a R$ 29,38 bilhões o déficit primário nas contas do governo federal em maio. O resultado negativo foi o segundo deste ano e o terceiro maior para o mês de maio desde o início da série histórica, em 1997. Só perde para maio de 2017 (déficit de R$ 29,38 bilhões) e para maio do ano passado, quando atingiu R$ 126,63 bilhões por causa dos gastos extras e do adiamento da cobrança de impostos no início da pandemia.

Não aprendem

Economistas encontraram-se ontem para criticar os defensores da tese de que a inflação nasce do excesso de emissão de moeda em relação aos bens e serviços disponíveis. “Pura balela”, disseram, “pois nos Estados Unidos fabricam dinheiro, os juros são baixos, desestimulando aplicações financeiras e estimulando o consumo. No entanto, a inflação é zero. O excesso de moeda não explica, tão simploriamente, a inflação.”

Valorização cada vez maior

Pesquisa do International Trade Center em 136 países, desde o começo da pandemia, mostrou: micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) formais e informais representam mais de 90% de todos os empreendimentos; respondem, em média, por 50% do Produto Interno Bruto; nos mercados emergentes, 7 em cada 10 empregos formais são criados pelas MPMEs.

Com base na transparência

Não há passagem grátis de ônibus. Se um percentual de usuários se beneficia, os demais precisam pagar para compensar. O serviço tem motoristas e demais funcionários pagos, utilizam combustíveis, envolvem investimentos nos equipamentos e na manutenção. O cenário vale para todos os municípios.

Para entrar na linha

O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, tomou ontem duas decisões corajosas:

1ª) Rejeitou o aumento de 14,3 por cento na tarifa dos ônibus que tinha sido aprovado pelo Conselho Municipal de Transportes, formado por 21 membros. Atendendo pedido dos empresários, a passagem iria R$ 4,55 para R$ 5,20. Melo fixou R$ 4,80 e nada mais.

2ª) lançou um pacote com a redução no número de categorias beneficiadas. Virá de 14 para cinco. A pretensão da Prefeitura é manter a gratuidade para idosos acima de 65 anos, estudantes de baixa renda, pessoas com enfermidades e seus acompanhantes, crianças e adolescentes que precisam de assistência social e integrantes da Brigada Militar.

 Resumo: se não fossem as isenções, com exceção aos idosos com mais de 65 anos, a tarifa seria de R$ 4,00.

Apagam o passado

Em meio a crescentes tensões e competição comercial entre a China e os Estados Unidos e o quadro de deterioração das relações russo-americanas, um fato chama a atenção. Rússia e China anunciaram, na segunda-feira, que vão prorrogar por cinco anos um tratado de amizade em vigor desde 2001, elogiando o “papel estabilizador” de sua colaboração em face da “turbulência global”. O Kremlin emitiu declaração conjunta comemorando o 20º aniversário desse pacto, após uma videoconferência entre Vladimir Putin e Xi Jinping. Mesmo com divergências internas, unem-se na hora de enfrentar o grande adversário político.

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