No Ministério da Educação, formam-se filas de interessados em obter autorização para abertura de Faculdades de Medicina. Durante entrevista, perguntei ao vice-presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul, Marcelo Marsillac Matias, se há necessidade de mais instituições de ensino.
A parte inicial da resposta: “O Brasil é o segundo país no mundo que mais tem Faculdades de Medicina. Em termos de comparação, o campeão, que é a Índia, tem 392 Faculdades de Medicina e o Brasil tem 336. Nos Estados Unidos, há 182. Outra comparação: o país que mais tem Faculdades Medicina, em relação à população, é Cuba, que não é exemplo em termos de saúde. Lá, existe uma faculdade para cada 400 mil habitantes. No Brasil, há uma faculdade para cada 500 mil habitantes. Na Índia, há uma faculdade para cada 3 milhões de habitantes.”
Questão dos números
O médico Matias prosseguiu: “Em 2012, formaram-se, no Brasil, 12 mil médicos. Em 2024, serão 24 mil. O Rio Grande do Sul tem 19 faculdades de Medicina. O acesso tem sido facilitado, mas não se reflete em melhores números para a população. Quando analisamos os números mais importantes de saúde pública, não temos feito um bom caminho.”
Fábricas de diplomas
O vice-presidente do Simers foi adiante: “Nós temos algo ímpar, que a China e os Estados Unidos não têm. Países fronteiriços, como Argentina, Bolívia e Paraguai, abrem Faculdades de Medicina essencialmente voltadas para o Brasil. A cidade paraguaia de Pedro Juan Caballero tem 110 mil habitantes e nove faculdades de Medicina, muitas delas sem a menor condição. Basicamente, é um negócio para vender títulos de Medicina para brasileiros que não vão exercer a profissão no Paraguai. A Ciudad Del Leste, também paraguaia e na fronteira, tem cinco Faculdades de Medicina.”
Interesse econômico
A pergunta que o médico Matias fez: “Por que ocorreu o aumento no número de faculdades e quais foram as consequências? Desde 2013, durante o governo Dilma, quando foi aprovada a lei do Mais Médicos, a lógica era trazer médicos estrangeiros sem revalidação do diploma e aumentar o número de faculdades. É óbvio que isso gerou um interesse econômico muito grande. Faculdade de Medicina dá dinheiro, é a mais cara, é a que dura mais tempo. Portanto, ela tem sido carro-chefe do crescimento de faculdades e universidades.
Quantidade ou qualidade?
As conclusões do médico Matias: “A abertura de mais cursos de Medicina não necessariamente garante a qualidade. Há faculdades em nosso país que não têm hospital, não têm pacientes para atender e, muitas vezes, os alunos recebem aulas de não médicos, pela carência de professores. A mensalidade é paga e a média gira em torno de R$ 8 mil a R$ 10 mil. Portanto, o número não tem relação com a qualidade do atendimento. O número facilitou a seleção, mas não tornou a seleção mais forte. Abrir mais faculdades não é a solução. Para se obter a solução, é preciso investir no sistema de saúde, investir na qualidade. Há necessidade de foco na assistência ao paciente e chegar a uma decisão pública de atingir o melhor.”
Causas das distorções
As pesquisas Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria), ex-Ibope, custaram R$ 23,4 milhões este ano. Em seguida, aparece o Datafolha com R$ 14,2 milhões. A informação está registrada na base de dados do Tribunal Superior Eleitoral, consultada na última sexta-feira. Como os percentuais divulgados ficaram distantes do que as urnas mostraram, a Comissão Parlamentar de Inquérito, a ser criada no Senado, terá muito material para analisar e concluir sobre formas de coleta das informações e seus critérios.
Surpresa
O jornal O Tempo, de Belo Horizonte, conferiu o boletim do Tribunal Superior Eleitoral sobre Três Lagoas, estado do Mato Grosso do Sul, onde Simone Tebet nasceu e foi prefeita de janeiro de 2005 a março de 2010. A 2 de outubro, não passou de 3.590 votos. Bolsonaro obteve 33.397 e Lula, 24.636.