Panorama Político com Armando Burd

 

Fora do foco

Deveria ser uma reunião de estadistas, quarta-feira, em Genebra. A leitura dos jornais, ontem, levaram à conclusão: não passou de um encontro em que remoeram feridas pós-adolescentes. O presidente norte-americano Joe Biden e o russo Vladimir Putin ficaram muito aquém da expectativa.

Pareciam forçados

Deveriam tratar do mundo pós-pandemia, de perspectivas para retomada da Economia, de estratégias que reabram empregos e façam a roda da produção voltar a girar. Não foram além da formalidade do aperto de mãos diante de fotógrafos e cinegrafistas, forçando sorrisos.

Não querem resolver

“Não houve hostilidade”, foi o máximo que Putin se permitiu dizer. O clima, segundo observadores, ficou pesado e questões cruciais nas relações entre russos e americanos permanecem sem solução. Discutiram armas nucleares, segurança cibernética, crises diplomáticas recentes, direitos humanos e o futuro das relações entre Estados Unidos e Rússia, segundo informaram diplomatas.

Cada um para seu lado

Ficou evidente o clima de desconfiança entre o Kremlin e a Casa Branca. Tanto Putin quanto Biden avaliaram que ainda há algum grau de distanciamento. Não houve convites para visitas mútuas. Foi a prova mais forte do distanciamento.

Jeito de reprise

Após a reunião, ambos deram sinais de que retaliações poderão ocorrer, caso a relação se deteriore. A reunião de Biden e Putin trouxe de volta o ar de uma indesejável Guerra Fria, que o mundo acompanhou apreensivo de 1947 a 1993. Tão logo terminou a devastadora Segunda Guerra Mundial, Estados Unidos e Rússia começaram a Guerra Fria, que intranquilizou as demais nações e atrasou o esperado desenvolvimento.

O comportamento belicoso só tem uma chance de ser desfeito: se os presidentes dos demais países reagirem.  Estados Unidos e Rússia revelaram imaturidade, um vírus perigosíssimo para quem deseja um mundo em paz.

Peso Adicional

A taxa básica de juros subiu 0,75 ponto percentual, na quarta-feira, indo para 4,25%. Este ano, acumula alta de 2,25 pontos percentuais. Segundo cálculos do Banco Central, para cada aumento de 1 ponto percentual nos juros, o custo da dívida pública sobe 31 bilhões e 800 milhões de reais. Dessa forma, o pagamento de juros já subiu 71 bilhões e 550 milhões em um ano. O valor permitiria pagar o auxílio emergencial, no formato de 2021, para 39 milhões de famílias durante oito meses.

Degrau em degrau

Durante quase seis anos, o Comitê de Política Monetária do Banco Central diminuiu sucessivamente a taxa básica de juros. Respondeu a tempos de inflação baixa e a uma antiga demanda de indústrias e empresas, que queriam juros baixos para conseguir crédito mais barato e serem mais produtivas, criando empregos. O ciclo de seis anos acabou e os aumentos se sucedem.

Falta um despertador

Economistas mais lúcidos acreditam que inflação não se combate apenas com o aumento da taxa de juros.

Depende também da intervenção do governo federal, conversando e convencendo cadeias produtivas. Isso não tem acontecido. O governo apenas vê o dragão da inflação ressurgir e se fortalecer.

Interesses próprios

Manchetes de ontem demonstram que o trem desandou.

  • O Estado de São Paulo: “Câmara dos Deputados afrouxa lei que pune políticos por irregularidades.”
  • O Globo: “Por 408 a 67, Câmara aprova alterações na Lei de Improbidade.”

Livres, leves e soltos, distantes do controle da população, Suas Excelências, na Ilha da Fantasia, fazem o que lhes interessa.

 

Tudo explicado

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, foi condenado em duas ações  por improbidade administrativa na Justiça de Alagoas, deflagrada em 2007 pela Polícia Federal para apurar desvios na Assembleia Legislativa, onde  exerceu mandatos de 1999 a 2011. Um dos casos está  parado em segunda instância há mais de cinco anos. Com o problema, Lira acelerou o andamento das mudanças na Lei de Improbidade Administrativa, todas elas em seu benefício.

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