Na entrevista do médico Marcelo Marsillac Matias ao Programa Manhã RDC, este colunista perguntou se o diálogo entre pacientes e quem os atendem se mantém ou se modificou ao longo do tempo. A resposta:

“Antes, a relação era a base de todos os procedimentos numa época em que havia pouca Ciência. Com a Renascença, surge o desenvolvimento, mas o diálogo ainda era muito importante. Os médicos faziam parte, inclusive, das Cortes mais nobres da Europa para que pudessem atender aos príncipes, aos reis e rainhas.”

O que mudou

Continuou Matias: “Progressivamente, os métodos de diagnóstico e tratamento foram crescendo e o médico foi se tornando, cada vez mais, um cientista. Portanto, a relação médico-paciente, como única força motriz, foi sendo, em algumas especialidades, até substituída pela tecnologia. Nós temos algumas especialidades médicas, hoje, em que não há mais contato médico-paciente. Motivo: a tecnologia.”

Mais e menos   

Outro aspecto ressaltado por Matias: “Não há dúvida de que os médicos que têm maior reconhecimento de suas comunidades são os que mantêm a relação com o paciente como algo importante e fundamental. Por volta de 1990, surgiu no Brasil o Sistema Único de Saúde com méritos que ninguém discute. De qualquer forma, houve o aumento muito grande da demanda e necessidade de número muito maior de médicos. Ocorreu o aumento no número de consultas por médico com a diminuição do tempo da consulta. Os administradores querem números e produtividade muito mais do que a relação com o paciente. Por isso, houve uma queda na relação.”

Rapidez imposta

O médico Matias foi adiante: “A média dos médicos em nosso país tem em torno de dois ou mais locais de trabalho. Há muito tempo tenho quatro e, às vezes, até cinco locais de trabalho. Eu entendo, perfeitamente, o impacto que isso causa. Só para que se tenha ideia, existem hoje clínicas de grande porte no Rio Grande do Sul, que marcam consultas a cada 12 minutos para o mesmo médico. Temos clínicas que marcam consulta para psiquiatra que, historicamente, são longas, a cada 20 minutos. Por isso, ocorre ataque frontal a um aspecto fundamental que é a relação médico-paciente.”

Retomada do conceito

Mais um aspecto relatado pelo médico Matias: “A Medicina vem se informatizando. Surgiu agora a Telemedicina. Todos os médicos são favoráveis. Nós sabemos que a evolução tecnológica sempre acompanha a Medicina. Mas existem, hoje, algumas especialidades, alguns gestores, alguns locais, onde basicamente a consulta será feita através de aparelhos de Informática. Por isso, precisamos retomar um pouco daquela base que eu enxergava muito forte nos meus professores. Eles, junto com a Ciência e a Tecnologia, mantinham uma boa conversa com seus pacientes. Precisamos manter isso para não tornar a Medicina, simplesmente, algo vinculado a uma tela, a um computador ou a um aparelho. A relação com nossos pacientes é a base. Sempre foi uma circunstância muito forte da nossa fonte de trabalho.”

Sucessão de papéis

Roberto Jefferson conhece os palcos. A partir de 1980, passou a participar dos Programas Aqui e Agora e O Povo na TV. Sua tarefa: julgar bandidos. Foi o que impulsionou sua primeira eleição à Câmara dos Deputados em 1982. Os mandatos se repetiram por cinco vezes.

A 14 de junho de 2005, foi alçado à condição de denunciante do escândalo do mensalão, que tirou José Dirceu da Casa Civil da Presidência. Acabou sendo cassado. Depois, assumiu o comando nacional do PTB, que devastou e levou à ruína.

Desatinou

Domingo, num gesto tresloucado, Jefferson atirou contra policiais federais que tinham a missão de cumprir ordem judicial de levá-lo à prisão. Queria atingir Alexandre de Moraes, mas acabou fortalecendo o ministro. Jefferson é um capítulo do desvio da postura de bom senso exigida na vida pública. Equiparou-se aos que sempre condenava na TV. Sua presença deprecia a Política.

Compartilhe essa notícia: